Título: Índia pode cortar tarifa para itens brasileiros
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2007, Nacional, p. A13

O governo da Índia afirma que está pronto para oferecer ao Brasil um corte de até 50% em algumas de suas tarifas de importação para bens industriais exportados pelo País. A proposta será feita na visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará a Nova Délhi em 3 e 4 de junho, ao lado do ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. Mas Lula também será cobrado. Isso porque o atual acordo entre Mercosul e Índia não entra em vigor por falta de aprovação no Congresso brasileiro.

Pelo acordo, firmado em 2004, ficou estabelecido que o comércio entre os dois parceiros poderia se beneficiar de um corte nas tarifas de até 20%. O número de produtos também foi limitado. Tanto para diplomatas do Brasil como da Índia, este seria o momento para uma nova negociação. ¿Uma lista de novos produtos já foi trocada entre o Mercosul e a Índia¿, afirmou G.K. Pillai, secretário de Comércio de Nova Délhi. Segundo ele, há a expectativa de que o Congresso conceda a aprovação ao acordo. ¿Isso nos permitirá passar a uma nova etapa nas negociações.¿

O objetivo do governo brasileiro é atingir um fluxo de comércio de US$ 10 bilhões com os indianos nos próximos anos. Hoje, o volume não passa de US$ 2,5 bilhões, valor considerado pequeno diante do peso das duas economias. Mas, segundo o representante do governo de Nova Délhi, a nova lista não deve incluir uma vasta gama de produtos agrícolas. ¿Focaremos nossos esforços em bens industriais¿, afirmou.

A Índia é importadora de alimentos e parte da população vive de um agricultura de subsistência. Por isso, o país não esconde que ainda precisa proteger vários segmentos de sua agricultura da concorrência estrangeira. ¿Temos uma parte da população ainda vivendo no século 19 e precisamos de políticas para garantir que todos possam se desenvolver¿, afirmou Pillai.

Outro setor que ficará de fora de um acordo será o de automóveis. ¿Esse é um segmento ainda sensível para nós ¿, afirmou o secretário.