Título: Justiça quebra sigilo de acusados
Autor: Macedo, Fausto e Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2007, Nacional, p. A4

A pedido da Polícia Federal, a Justiça Federal de Mato Grosso do Sul decretou a quebra do sigilo fiscal e bancário de todos os 85 acusados nas fraudes investigadas na Operação Xeque-Mate que tiveram prisão temporária decretada.

A decisão inclui as contas bancárias e dados fiscais, como declarações de Imposto de Renda, do ex-deputado estadual do Paraná Nilton Cezar Servo, apontado pelas investigações da PF como chefe de uma quadrilha de exploração de jogos de azar que operava em cinco Estados, e do compadre do presidente Lula Dario Morelli Filho, que seria, conforme as investigações, seu sócio nos negócios ilegais.

A quebra de sigilo foi autorizada pela Justiça juntamente com as prisões, no dia 4, quando a Operação Xeque-Mate foi deflagrada, e não inclui Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do presidente Lula. A PF chegou a requerer a prisão de Vavá, mas a Justiça negou o pedido.

A Polícia Federal já começou a receber os dados da quebra de sigilo. Tem em mãos, por exemplo, informações sobre declarações de rendimentos dos acusados e parte dos dados sobre movimentações financeiras identificadas pela Receita Federal a partir do recolhimento da CPMF.

Os dados são considerados de grande importância, já que podem expandir as investigações e confirmar conexões já identificadas nas escutas telefônicas. Entre outros objetivos, a PF busca rastrear o caminho do dinheiro movimentado pela quadrilha.

A análise das informações remetidas pela Receita, por exemplo, já apontou a suspeita de que o compadre de Lula teria registrado movimentação financeira crescente nos últimos cinco anos, aparentemente incompatível com seus rendimentos. Os dados mostram que só em 2006 ele teria registrado movimentação financeira superior a R$ 600 mil.

Morelli, porém, declarou receber um salário de R$ 4,8 mil como assessor da diretoria da Companhia de Saneamento da Prefeitura de Diadema (Saned). Ele afirmou, também, que complementava os seus rendimentos com serviços prestados ao PT por intermédio da microempresa Dario Morelli ME, especializada no aluguel de automóveis.