Título: Acordo só livra alunos de punição acadêmica
Autor: Amorim, Cristina
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2007, Vida&, p. A36

Os alunos da Universidade de São Paulo (USP) que ocuparam o prédio da reitoria por 50 dias podem ser processados caso danos ao patrimônio público ou a qualquer documento do local sejam comprovados. O comprometimento firmado pela reitora Suely Vilela, de que os alunos não sofrerão represália, é válido apenas no foro acadêmico, diz o promotor especial de Direitos Humanos Carlos Cardoso.

Nas esferas criminal e cível, os estudantes podem ser processados pelo Ministério Público . ¿Os BOs (boletins de ocorrência) feitos vão gerar inquéritos policiais. Se houver evidências, os alunos serão processados pelo Estado¿, diz Cardoso.

A reitora chegou a registrar, em maio, boletim de ocorrência por violação de documentos. Bens como computadores teriam sido tirados do prédio, os quais teriam sido reintegrados pelos próprios estudantes. Pelo menos uma porta foi destruída, no primeiro dia da ação. O fato de a imprensa e membros da direção da universidade terem sido impedidos de entrar não permitiu uma análise da extensão dos danos.

Ainda que os alunos tenham se organizado de maneira a não nomear líderes, provocando uma percepção difusa sobre os responsáveis pela ação, o promotor afirma que as investigações determinarão responsáveis. Para isso, serão usadas imagens veiculadas pela imprensa durante o movimento. ¿As pessoas foram fotografadas e filmadas. Essas informações serão usadas.¿

O secretário de Justiça, Luiz Antônio Guimarães Marrey, disse ontem em São Paulo que quem cometeu crime durante a ocupação deve ser punido. Como se mandasse um recado à academia, Marrey afirmou que ¿ a universidade sabe que existe lei e suas responsáveis devem examinar como cumpri-la¿.

O homem que assumiu a negociação, em nome do governo, com os estudantes, fez um balanço da ocupação pouco depois de os estudantes saírem do prédio. ¿Creio que nada positivo resulta desse movimento, a não ser uma grande perturbação na vida da universidade e na vida da sociedade paulista.¿ Em sua análise, o movimento esteve nas mãos de uma minoria de radicais sem objetivos nítidos. ¿Creio que esse movimento acabou sendo executado por grupos minoritários na sociedade, radicalizados, que mudavam as suas reivindicações com freqüência.¿

INTERIOR

Em Araraquara, os estudantes da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp querem a exclusão de processos administrativos e a retirada da queixa na polícia, dois dias após a invasão da Polícia Militar na universidade para retirá-los do prédio da reitoria local. Noventa e dois alunos foram levados à delegacia. Eles responderão por invasão de imóvel alheio.