Título: 'Ninguém vai estabelecer prazo para país nenhum', diz Dilma
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2007, Economia, p. B3

Ministra-chefe da Casa Civil rechaça ultimato do presidente venezuelano

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, rechaçou as afirmações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e afirmou que o Brasil não vai obedecer a prazos definidos pelo governo venezuelano para que ratifique a adesão do país ao Mercosul. 'Ninguém vai estabelecer prazo para país nenhum. Nem nós. Ninguém estabelece prazo para nós nem nós estabelecemos prazo para ninguém.'

Ao chegar a Fortaleza, onde acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas áreas de saneamento e urbanização no Ceará, Dilma afirmou que a relação do Brasil com os países da América Latina não tem prazo. 'Essa relação será sempre necessária porque participamos do mesmo continente. Somos vizinhos e essa relação de vizinhança não é relação de escolha.'

Dilma Rousseff disse que interessa ao Brasil o relacionamento com a Venezuela do ponto de vista de integração energética, de acesso às riquezas energéticas e de parceria de estrutura e desenvolvimento da região. 'Portanto, não se trata de estabelecer prazos. Ninguém vai estabelecer prazo para país nenhum', reiterou.

A ministra afirmou, ainda, que o Brasil tem tido uma atitude madura e de responsabilidade nas relações com a América Latina. Ela lembrou que o Brasil tem papel estratégico na América Latina e é interesse do País manter a integração econômica, geopolítica, social e cultural na região.

Lembrando que cada país tem sua característica, Dilma afirmou: 'Vamos ter de estruturar uma convivência civilizada que permita que, respeitando as nossas diversidades, estruturemos um consenso comum, respeitando todos. Qualquer iniciativa nossa é sempre do interesse para a construir um acordo', salientou.

'PODERES HARMÔNICOS'

O ultimato do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao Congresso brasileiro não passa de 'factóide de um líder que tenta desviar a opinião pública dos reais problemas de seu país, como o abastecimento de alimentos'. A avaliação é do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI).

O senador disse que Chávez trata o tema da adesão da Venezuela ao Mercosul como se estivesse falando de questões internas de seu país, onde 'os três Poderes estão sob seu comando'. Fortes também apoiou a posição do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para quem Chávez deveria dirigir uma 'palavra simpática' para distender sua relação com o Congresso Nacional.

'No Brasil, os Poderes são harmônicos. O Congresso vai analisar essa adesão ao Mercosul ao longo do tempo que for necessário e pelo seu lado permanente - a Venezuela - e não pelo seu lado transitório - o presidente Chávez', declarou.

O presidente do Congresso paraguaio, Miguel Abdón Saguier, qualificou como 'agressões gratuitas' as declarações de Chávez. 'Nos agride gratuitamente o presidente Chávez. Vamos ver o que acontecerá, vamos estudar bem o tema', disse ele.

FRASES

Dilma Rousseff Ministra-chefe da Casa Civil

'Ninguém estabelece prazo para nós e nós não estabelecemos prazo para ninguém'

Heráclito Fortes Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado

'O Congresso vai analisar essa adesão ao longo do tempo que for necessário e pelo seu lado permanente, a Venezuela, e não pelo seu lado transitório, o presidente Chávez'