Título: Americanos vão à OMC contra subsídios concedidos pela China
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2007, Economia, p. B7

Para Washington, políticas de Pequim beneficiam exportações industriais

Sem conseguir conter a invasão de produtos chineses, os Estados Unidos decidiram recorrer aos tribunais internacionais para que condenem as práticas do governo de Pequim, que estaria supostamente subsidiando suas indústrias de bens manufaturados. Ontem, Washington pediu a criação de um comitê de investigação na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os chineses. O argumento americano é o de que esses subsídios estariam sendo o real motivo da competitividade da produção do país asiático que, nos cinco primeiros meses do ano, já superou os Estados Unidos em volume de exportações para o mundo.

O México também recorreu à OMC contra a China, principalmente diante da migração de montadoras que estavam no país e decidiram se instalar em cidades chinesas. Uma das queixas se refere à suposta discriminação dos chineses aos produtos importados. Empresas locais estariam sendo obrigadas a usar peças fabricadas na China para ter isenções tributárias para exportar o produto pronto.

Para a Casa Branca, Pequim usa seu sistema tributário como forma de incentivar exportações e reduzir os custos para as empresas atuarem no exterior. Esse é o mesmo argumento que os americanos utilizaram quando levantaram dúvidas sobre a MP do Bem, do Brasil, que reduziu impostos para exportadores. Os EUA questionaram o tema na OMC, mas não abriram queixa formal contra o Brasil.

A Casa Branca afirma que o governo americano tentou resolver a situação com Pequim por meio do diálogo. Duas rodadas de consultas foram realizadas e a China chegou a retirar um dos programas de ajuda à sua indústria. Mas os americanos consideram que a medida ainda não foi suficiente. ¿Nossas preocupações não foram atendidas¿, afirmou o porta-voz do governo americano, Sean Spicer. Em sua queixa na OMC, os americanos alegam que os subsídios são dados a vários setores, como aço, produtos de madeira e bens tecnológicos.

Para analistas, a ida do EUA à OMC é uma tentativa também de dar uma resposta ao Congresso americano, que vem pressionando a Casa Branca a ser mais dura com a China. O governo americano informou ontem que o déficit comercial com a China subiu de US$ 19,4 bilhões em abril para US$ 20 bilhões em maio. No ano passado, o saldo negativo dos EUA com os asiáticos alcançou US$ 233 bilhões.

Essa é a segunda disputa aberta pelos Estados Unidos contra os chineses. Na primeira, Washington se queixa das exigências dos chineses de exigir um conteúdo local mínimo na fabricação de carros para que certas vantagens comerciais sejam oferecidas às empresas.