Título: 'Não me arrependo de ajudar as pessoas'
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2007, Nacional, p. A5

Entrevista

Cássio Cunha Lima: governador da Paraíba

O governador Cássio Cunha Lima garante que o programa que distribuiu 35 mil cheques pelo Fundo de Assistência Comunitária do Estado foi fundamentado em lei e funcionou desde antes da eleição, sendo suspenso no início da campanha. Ele nega que o programa tenha mudado o mapa de votação na disputa de 2006 e afirma não se arrepender do projeto e adianta que já recorreu da decisão. Eis a entrevista, feita por telefone:

Sua defesa alegou que o programa se baseava numa lei de muitos anos. De quando é a lei?

A lei existe, o programa foi baseado em procedimentos legais. O atendimento foi realizado antes da campanha porque uma liminar da Justiça suspendeu o programa durante o processo eleitoral.

Quando os benefícios começaram a ser distribuídos?

O programa teve origem num convênio entre o Fundo de Combate à Pobreza, que vários Estados têm, e a Fundação de Assistência Comunitária, que existe há muitos anos e não foi criada no meu governo. O programa começou em 2005, cumprindo assim a exigência da Lei Eleitoral, que obriga iniciar antes do ano eleitoral.

O programa tem alguma semelhança com o Bolsa-Família?

São programas semelhantes, com procedimentos distintos. O nosso tem o acompanhamento de assistentes sociais para checar a necessidade de demanda específica, cadeira de rodas, por exemplo.

A Justiça computou 35 mil atendimentos. O número é correto?

Sim, mas não foi em cima da eleição e sim desde 2005.

O Bolsa-Família foi muito criticado na campanha de 2006. Como prestar assistência sem ser criticado?

Se você faz, é acusado de oportunismo, se não faz, é acusado de omissão. Se me perguntarem se me arrependo, digo: não me arrependo um milímetro de ajudar pessoas a viverem um pouco melhor.

O programa continua em vigor?

Estamos retomando agora. Há um mês começamos a Ciranda de Serviços, hoje eu lancei outro programa, o Meu Trabalho, e estamos retomando o programa de assistência através da própria Ciranda.

Nos locais onde o programa foi aplicado mais intensamente, sua votação aumentou em 2006?

Obtive no segundo turno de 2006 os mesmos 51,3% que havia obtido em 2002, quando fui candidato de oposição. Em mais de 70% das cidades em que a Ciranda prestou mais serviços, eu perdi a eleição, como em 2002.