Título: Empresa citada na máfia da CDHU deu R$ 20 mil a tucano
Autor: Amorim, Silvia e Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/07/2007, Nacional, p. A10

Registros do TSE indicam que campanha de Bragato em 2006 recebeu dois repasses de R$ 10 mil da LBR

A LBR Engenharia e Consultoria, citada no inquérito sobre a máfia da CDHU na região de Presidente Prudente, doou R$ 20 mil para a campanha do deputado estadual Mauro Bragato (PSDB) nas eleições de 2006. Foram dois repasses de R$ 10 mil cada para o caixa do líder do PSDB na Assembléia, segundo registros oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O primeiro foi realizado no dia 24 de agosto, o outro no dia 20 de setembro, a 13 dias do pleito. A campanha do deputado custou R$ 416 mil.

A Operação Pomar, missão integrada da Polícia Civil com o Ministério Público, revela atuação de dois engenheiros da LBR no suposto superfaturamento de obras da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, vinculada à Secretaria da Habitação, pasta da qual o deputado foi titular no governo Geraldo Alckmin (PSDB).

O vínculo eleitoral de Bragato com a LBR reforça suspeitas de que ele teria sido beneficiário do pagamento de propinas, na avaliação do Ministério Público. A promotoria liga engenheiros da LBR aos supostos mentores da organização - Carlos Kauffmann, administrador da FT Construções - empreiteira-mãe do esquema - e tido como tesoureiro do esquema, e Francisco Emílio de Oliveira, o Chiquinho da CDHU. Kauffmann e Oliveira negam participação na trama.

Mário Moreno e Reinaldo de Galles, engenheiros da LBR, teriam forjado medições de serviços em empreendimentos da CDHU para viabilizar a liberação de valores pagos a fornecedores. O Ministério Público sustenta que Moreno, coordenador da LBR na região de Prudente e Marília, fraudou a Lei de Licitações. ¿Dá autenticidade ao quantitativo e qualitativo utilizado nas obras. Participa das fraudes dos relatórios de medições, ratifica o superfaturamento nos materiais para construção. Recebe valores mensais do grupo a título de suborno. A LBR é uma terceirizada da CDHU, responsável pela medição mensal.¿

Galles, engenheiro civil, presta serviços para a LBR em Prudente e Rosana. Fez as vistorias do conjunto Pirapozinho D. ¿Assinou planilhas fraudadas, indicando quantidade de materiais superiores ao que realmente estava sendo utilizado¿, afirma a promotoria. ¿A LBR também legitima o esquema, porque seus engenheiros medidores são pagos pelo grupo para falsearem ideologicamente as planilhas, o que viabiliza o repasse das correspondentes verbas pela CDHU.¿

MEIO-DE-CAMPO

O deputado Mauro Bragato disse que ¿é uma coisa absurda¿ a suspeita sobre sua conduta. Ele demonstrou indignação pelo fato de a Operação Pomar apontá-lo como beneficiário do pagamento de propinas com base nas iniciais de seu nome lançadas no livro-caixa da FT Construções. Na sexta, Bragato declarou ao Estado que MBR é uma empresa que presta serviços à CDHU. Ontem, ele explicou que ¿fez um trocadilho para mostrar que essas iniciais visam só a confundir o meio-de-campo¿. Disse que se referia à LBR, que é doadora de sua campanha.

¿Não conheço os donos da LBR¿, afirmou Bragato. ¿A empresa fez doações que declarei à Justiça Eleitoral.¿ Ele destacou que as doações não foram dos engenheiros sob investigação. ¿Recebi doação de uma empresa regular.¿ O deputado afirmou que a cópia de uma nota promissória de R$ 7 mil subscrita por ele foi apreendida na residência de Climério Pereira, ligado ao PSDB, e não na casa de Luís Kauffmann, suposto tesoureiro do esquema.

A direção da LBR não retornou ligações do Estado.