Título: Inpe vai comprar supercomputador
Autor: Marzochi, Roger
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2007, Vida&, p. A26

Equipamento custa até R$ 70 milhões e garantirá autonomia para País medir impactos do aquecimento

Para que o Brasil tenha autonomia para medir o impacto do aquecimento global na agricultura e em sua biodiversidade e possa negociar com as nações desenvolvidas metas de redução de emissão de gases do efeito estufa, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) lançará até o final de outubro o edital de licitação para a compra de um novo supercomputador para o Centro de Previsão do Tempo e Pesquisas Climáticas (CPTEC). Outra medida em andamento é a criação de uma área de pesquisa, chamada ¿ciência do sistema terrestre e mudanças climáticas¿, para a qual deverão ser contratados 200 pesquisadores, engenheiros e técnicos.

O Brasil não consegue fazer sozinho previsões climáticas que podem influir no futuro da Amazônia, na produção de alimentos e na preservação das espécies. As ações estão no planejamento estratégico do instituto para os próximos 20 anos, em fase final de consolidação com metas de longo e médio prazos.

O supercomputador deverá custar de R$ 40 milhões a R$ 70 milhões e ser comprado até meados de 2008. A máquina hoje em uso foi adquirida em 2002, por US$ 14 milhões. A necessidade desse investimento, segundo o pesquisador Carlos Nobre, também ocorre porque o instituto será o responsável pela secretaria-executiva da futura Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas, em formação pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

Segundo ele, um dos objetivos da nova área de estudo é o de desenvolver ¿modelos computacionais do sistema climático para a elaboração de cenários futuros de interesse do País¿. Além do corpo técnico, o Inpe precisa de um novo supercomputador para conseguir ter autonomia de prever o efeito das mudanças climáticas globalmente. Hoje, a tecnologia do Inpe permite apenas realizar esses estudos na América do Sul. Seus cientistas conseguem fazer previsões globais somente com a colaboração de outros centros de pesquisa.

¿Precisamos saber das condições globais daqui a cem anos e é muito melhor ter autonomia para fazer esses estudos. Hoje, a China e a Coréia do Sul já têm essa capacidade¿, afirma Nobre.

¿Não há dúvida de que o supercomputador, além de permitir ao Brasil entrar no seleto grupo de países com capacidade de gerar seus próprios cenários de mudanças climáticas globais, ajudará a aumentar a qualidade das previsões de tempo¿, complementa Nobre.

O índice de acerto das previsões crescerá em um dia. Hoje, por exemplo, a previsão do tempo para três dias têm 90% de acerto. Com o novo supercomputador, será possível fazer as previsões de quatro dias com a mesma qualidade.