Título: Lula diz que Brasil crescerá 5% ao ano até o fim de seu mandato
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2007, Economia, p. B4

Presidente afirma também que crescimento acontecerá com inflação controlada em 4%

Ao abrir um seminário sobre energia para empresários noruegueses, o presidente Lula afirmou ontem que o Brasil continuará crescendo 5% até o fim do seu mandato, com inflação no patamar de 4%. Dois dias depois de mostrar preocupação com um possível aumento da inflação diante do crescimento de 5,4% do Produto Interno Bruto no segundo trimestre, ante igual período de 2006, Lula disse que encontrou o ¿jeito sério¿ de trabalhar com a economia.

¿No próximo ano cresceremos 5% e a inflação não passará de 4% e em 2009 também cresceremos 5% e a inflação não passará de 4%¿, afirmou, diante de cerca de 400 empresários.

Com o discurso de que o Brasil ¿nunca teve situação tão privilegiada¿ como agora, ele lembrou que já houve épocas de crescimento muito maior, mas com a explosão dos preços. ¿Nós conseguimos provar que é possível crescer e controlar a inflação¿, bradou.

Na Noruega do rei Harald V, o terceiro maior exportador de petróleo do mundo, Lula cobrou empenho na conclusão da Rodada Doha para que os países pobres sejam os ¿únicos ganhadores¿ do acordo. ¿Os países ricos não precisam ganhar¿, constatou. ¿Está na hora de fazermos concessões para que os países mais pobres consigam uma flexibilização na área agrícola da União Européia.¿ No dia em que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) revelou a melhora da renda média do brasileiro, diminuição do número de analfabetos e aumento das carteiras de trabalho, Lula disse aos empresários que o País tem ¿a mais forte e mais conseqüente¿ política de transferência de renda de um país em desenvolvimento.

¿Ainda estamos longe de ter um padrão de renda per capita como o da Noruega e, enquanto isso não acontece, sabemos que é preciso ter uma forte política para cuidar da educação¿, argumentou. A platéia aplaudiu.

DESLIZE

Pouco antes da assinatura do acordo para produção de etanol entre a Petrobrás e a Statoil - empresa de petróleo e gás controlada pelo Estado norueguês -, Lula cometeu um deslize ao exaltar as conquistas dos biocombustíveis. Repetiu duas vezes que os carros de maior sucesso no Brasil são os flex fuel, que, nas suas palavras, andam com ¿o mesmo motor e o mesmo motorista¿, podendo utilizar tanto álcool como gasolina. ¿Ou seja, não precisa mudar nada, a não ser a bomba¿, atestou.

Depois do encontro com empresários, o presidente recorreu ao guarda-chuva para ir à Fortaleza de Akershus. Debaixo de chuva e ao lado do rei Harald V - que usava apenas um quepe -, Lula depositou flores no monumento em memória às vítimas da Segunda Guerra.

Em resposta a uma jornalista norueguesa, que perguntou como andava seu relacionamento com os ¿colegas de esquerda¿ na região, especialmente com Chávez, Lula afirmou que Chávez, é ¿um bom parceiro¿. Disse, ainda, que o seu relacionamento com Chávez ¿não é por opção ideológica¿, mas por interesses comerciais.

¿Chávez é um bom parceiro do Brasil e o Brasil é um bom parceiro do Chávez. Os problemas do Chávez com os seus discursos internos, em relação aos Estados Unidos, são dele e da Venezuela. Eu respeito, da mesma forma que quero que respeitem a minha posição. É assim, nessa convivência na adversidade, que a gente constrói a solidez da democracia.¿

O presidente disse não fazer distinção entre os governantes. ¿Não é uma opção ideológica, mas, sim, de homem de Estado que precisa ter relações democráticas com todos os países.Quando eu falo em nome do Brasil, eu falo com Hu Jintao do mesmo jeito que eu converso com o Bush (George Bush)¿, insistiu, numa referência aos presidentes da China e dos EUA.