Título: Garibaldi é cotado para manter cargo com PMDB
Autor: Costa, Rosa ;Fontes, Cida
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2007, Nacional, p. A6

Partido fará escolha amanhã, em reunião da bancada; governo queria deixar sucessão para depois da votação da CPMF, mas oposição não aceitou

O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), marcou para a próxima quarta-feira a eleição do sucessor de Renan Calheiros (PMDB-AL) no comando da Casa. A data atende ao que determina o regimento interno, segundo o qual o cargo deve ser preenchido ¿dentro de cinco dias úteis¿, a contar da oficialização de sua vacância no Diário do Congresso Nacional.

Ainda assim, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), tentou adiá-la, alegando a possibilidade de haver entendimento. ¿O ideal para acalmar a Casa é não fazer a escolha antes de votarmos a CPMF¿, argumentou. A idéia foi rejeitada pelos líderes do DEM, José Agripino (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM). Dispostos a votar amanhã a CPMF, dizem que não há motivo para descumprir o regimento. ¿Não fizemos e não faremos nenhum acordo dessa natureza¿, avisou Agripino.

O nome mais cotado para substituir Renan é o de Garibaldi Alves (PMDB-RN), não só por integrar a maior bancada, que tradicionalmente tem direito ao cargo, mas por ter conquistado os votos da oposição desde que se lançou candidato, há cerca de 40 dias. A escolha da bancada, segundo seu líder, Valdir Raupp (RO), será feita amanhã, na reunião de seus 20 senadores. Raupp disse que, se surgirem outros candidatos, fará uma eleição interna para ver quem é o preferido. Neuto de Conto (SC) anunciou que quer o cargo ontem. Mas, em seu primeiro mandato na Casa, ele próprio reconheceu que tem poucas chances de ser escolhido.

ADVERSÁRIOS

Também José Maranhão (PB), Edison Lobão (MA) e Leomar Quintanilha (TO) são citados como adversários de Garibaldi, mas são vistos com restrições pela oposição. Contra Maranhão pesa a denúncia de que teria engordado seu patrimônio, em um ano, com mais de 28 mil cabeças de gado não declaradas à Receita Federal. Lobão se mudou há pouco do DEM para o PMDB e não teria os votos dos ex-colegas de bancada. Já Quintanilha irritou a oposição nas vezes em que manobrou, como presidente do Conselho de Ética, para adiar a votação dos processos contra Renan.

Não há clima nem entre os governistas nem na oposição para o Planalto impor José Sarney (PMDB-AP) como candidato. Os recados enviados até agora, de que Sarney seria a escolha do governo, não foram bem recebidos. E o próprio Sarney já declarou que não quer voltar a ser presidente do Senado.

A líder do governo, Ideli Salvatti (PT-SC), chegou a defender a tese de que o processo de sucessão pode se estender pelos próximos 30 dias. Para tanto, o regimento teria de ser ignorado por todos os líderes, o que não é o caso. ¿Tentaram dar um golpe, mas não daremos respaldo¿, avisou Virgílio. Demóstenes Torres (DEM-GO) lembrou que o regimento só pode ser descumprido por ato unânime dos líderes em benefício da Casa. ¿E este não é o caso.¿

OPOSIÇÃO

PSDB e DEM ameaçam lançar candidato, se o nome do PMDB não agradar. O preferido dos dois partidos é Jarbas Vasconcelos (PE), dissidente da base aliada que nem de longe atende às expectativas do Planalto. Mas o próprio Jarbas avisa que não disputará a vaga, nem na condição de candidato avulso. ¿Eu voto com Garibaldi¿, disse.

Virgílio deixou claro que haverá reação no caso de o PMDB optar por um nome ¿não aceitável¿, como o de Sarney. Ele já disse em plenário e repete agora que sua rejeição vem do fato de Sarney ter se omitido na ¿crise ética, política e de liderança¿ enfrentada pelo Senado este ano sob a presidência de Renan.