Título: Governadores aceitam desafio de Evo para submeter mandatos a referendo
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2007, Nacional, p. A18

Paris

Cinco governadores bolivianos da oposição - de Santa Cruz, Beni, Pando, Cochabamba e Tarija - aceitaram ontem o desafio do presidente Evo Morales para submeter seus mandatos a uma consulta popular. Eles fizeram, no entanto, algumas ressalvas em relação às regras de consulta e à suposta intenção de Evo de utilizá-la apenas para superar a crise política que atinge o país.

Na véspera, Evo propôs a realização de um referendo para todos os governantes como um maneira de pôr fim à crise. O presidente disse ontem que, se perder o chamado ¿referendo revogatório¿ de mandato, convocará eleições imediatamente.

¿Ou é uma cortina de fumaça ou é um projeto honesto. Quando soubermos quais são as regras do jogo, a partida pode começar¿, reagiu o secretário-geral do governo de Santa Cruz, Carlos Dabdoub, em nome do governador Rubén Costas.

O governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, representando também os outros quatro governadores opositores, afirmou que concorda com o referendo. Mas fez um apelo para que ¿não se siga aprovando a nova Constituição¿.

Leopoldo Fernández, governador de Pando, se disse a favor da consulta popular, mas ¿em um projeto que não chegue com coisas já decididas¿, principalmente em relação às porcentagens da votação.

Os governadores discordam sobre a porcentagem dos votos para revogar ou ratificar um mandato, que deveria ser por maioria simples. A proposta de Evo é revalidar ou superar com base na porcentagem com a qual o político foi eleito.

No caso do presidente, ele seria derrotado com 54% dos votos contrários - o equivalente à votação que obteve na eleição de 2006.

Para a oposição boliviana, o referendo seria uma alternativa à Constituinte, que deve aprovar uma nova Carta proposta por Evo, com a qual seis Estados não concordam. Mas, para o governo, o referendo e a Constituinte são dois cenários distintos e não estão vinculados.

O porta-voz da presidência, Alex Contreras, confirmou ontem que o processo sobre a nova Constituição será concluído no dia 14. O governo também afirmou que a Constituinte retomará as sessões no dia 12 na cidade de Lauca, na zona cocaleira de Chapare, reduto de Evo.

No fim do dia, o governador de Tarija, Mario Cossío, sugeriu que o mandato do vice-presidente boliviano, Alvaro García, e dos parlamentares também passe por um consulta popular. FRANCE PRESSE, ASSOCIATED PRESS, REUTERS E EFE

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