Título: Mantega faz afagos individuais a tucanos para aprovar CPMF
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2007, Nacional, p. A6

Ministro espera que governadores do PSDB ajudem a angariar votos entre senadores

Sem que o governo tenha garantidos os 49 votos para aprovar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenta dobrar as resistências com afagos individuais aos senadores e governadores.

Além de mudar na última hora a proposta de reforma tributária para ampliar a partilha dos tributos federais, o ministro acelerou as negociações para resolver pendências represadas dos Estados e intensificou o diálogo com governadores que podem ajudar a fazer a diferença na votação. Com os cofres cheios nesse fim de ano, a equipe econômica também tem como munição a liberação de emendas dos parlamentares.

Apesar de o novo presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), ter declarado que o partido não dará nenhum voto favorável à CPMF, o ministro conta com o cacife de governadores para influenciar os senadores da legenda. Os contatos telefônicos, principalmente, com o governador de São Paulo, José Serra, têm sido permanentes e a expectativa é de que Serra, de olho nas eleições presidenciais, terá poder de influência sobre senadores de Estados menos influentes - o partido não tem senador por São Paulo.

Mesmo tendo feito um discurso crítico no Congresso do PSDB, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, é apontado também como um aliado na votação da emenda. Não está descartado nem mesmo o voto do senador Eduardo Azeredo (MG), denunciado pelo Ministério Público na semana passada. O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, e o de Alagoas, Teotônio Vilela, também são uma aposta para virar votos de senadores como Cícero Lucena (PB) e João Tenório (AL).

O aval de Mantega, no dia da abertura do Congresso do PSDB, à liberação emergencial de R$ 200 milhões para a governadora tucana Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul, pagar parte do 13º salário do funcionalismo e à contratação de empréstimo de US$ 1 bilhão com o Banco Mundial foi a senha da boa vontade do governo.

Para enfrentar as resistências dos senadores do Norte e Nordeste, o governo também fechou o texto da medida provisória que será enviada ao Congresso nos próximos dias, que regulamenta a instalação das empresas em Zonas de Processamento de Exportações (ZPEs). A MP preencherá as lacunas deixadas na Lei 11.508, vetada em vários artigos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que desagradou a vários senadores das duas regiões.

Um dos trunfos das negociações será o Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), cujo objetivo é promover investimentos nas regiões mais pobres que se utilizam de incentivos fiscais para atrair empresas.

MEDIDAS

ZPEs: O governo fechou o texto da MP que regulamenta a instalação das empresas em Zonas de Processamento de Exportações.

Reforma tributária: Proposta deve ampliar a partilha dos impostos federais com os Estados e promover desonerações.

Ajuda ao RS: Mantega prometeu fazer um adiantamento emergencial de R$ 200 milhões para pagar o 13º salário e deu aval para o Estado fazer um financiamento de US$ 1 bilhão com o Bird.

Governadores: Mantega tem feito um corpo-a-corpo intenso nos bastidores com governadores e atendido a pleitos individuais.

Emendas: Com o cofre cheio, o governo tem aumentado a liberação das emendas dos parlamentares.

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