Título: Cúpula do Grupo do Rio é oportunidade de diálogo
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2008, Internacional, p. A14

Brasil e outros mediadores tentam reaproximar Correa e Uribe para dar sentido prático a acordo fechado na OEA

Depois de trabalhar pela convocação de uma reunião extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) para reduzir a tensão entre Equador e Colômbia, o Brasil decidiu manter os esforços diplomáticos para reaproximar os presidentes dos dois vizinhos, rompidos desde segunda-feira.

Na avaliação do Itamaraty, o momento mais apropriado para investir no reatamento das relações é a reunião do próximo dia 17, em Washington. Mas uma primeira oportunidade para isso se abre hoje, quando o colombiano Álvaro Uribe e o equatoriano Rafael Correa devem participar da reunião de cúpula do Grupo do Rio, em Santo Domingo, capital da República Dominicana.

Além deles, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, também já está em Santo Domingo.

A presença também do presidente venezuelano, Hugo Chávez, completa o cenário de possíveis negociações na República Dominicana.

Uribe chegaria ontem ao país e jantaria com o presidente dominicano, Leonel Fernández, que se somaria aos esforços regionais por uma solução diplomática para a crise.

¿Confio que, cada nação aqui representada se sentará à mesa com a vontade sincera de respeitar as diferenças e consolidar os consensos¿, disse o chanceler dominicano, Carlos Morales Troncoso, ao abrir ontem a reunião de cúpula.

Embora a crise não esteja na agenda oficial do encontro, ela deve ser o tema dominante das reuniões paralelas, segundo admitem vários diplomatas.

MODERANDO O TOM

De acordo com informações da diplomacia brasileira, a decisão da OEA, de reafirmar o princípio da inviolabilidade territorial de um Estado, foi fundamental para acalmar os ânimos de Correa, que acusa Uribe, de agressão. E também para que Uribe moderasse o tom na suspeita de que Correa protegia no território equatoriano integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Até a reunião do dia 17 - que foi convocada também em caráter de urgência, como a sessão que se estendeu de terça-feira até quarta-feira -, serão mantidos contatos com os presidentes Correa e Uribe, sempre na tentativa de fazê-los se reaproximar, o que daria conseqüência prática ao acordo fechado na OEA.

Quanto ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a diplomacia brasileira considera que a reunião da OEA o isolou, pois a Venezuela nem sequer é mencionada no texto da resolução acertada na quarta-feira. A partir de agora, qualquer manifestação de Chávez será vista como uma tentativa de agitação.

DEPOIMENTO

O ministro Celso Amorim será ouvido, nos próximos dias, pelos integrantes da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado sobre a posição do governo brasileiro sejam relação aos recentes acontecimentos envolvendo a Colômbia, Equador e a Venezuela.

O convite para que ele comparecesse à comissão foi aprovado ontem, por unanimidade. Nele, os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmam que o chanceler deve falar sobre o ¿desempenho do Brasil nas negociações para a construção de um acordo que vise a solucionar o conflito entre essas nações.¿ COM AP, REUTERS, AFP E EFE