Título: Fed indica que vai cortar juros
Autor: Fernandes, Nalu
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2008, Economia, p. B15

Em depoimento na Câmara, Bernanke diz que riscos de desaceleração econômica nos EUA persistem

Nova York - O depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara reforçou nos analistas a percepção de que o BC cortará a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual em sua próxima reunião, no dia 18. Atualmente, a taxa está em 3% ao ano.

Bernanke disse que as projeções econômicas estão repletas de riscos provenientes dos mercados imobiliário, de trabalho e de crédito, sugerindo que a autoridade monetária permanece propensa a cortar o juro. ¿É muito importante reconhecer que os riscos de desaceleração do crescimento persistem¿, disse.

Segundo ele, as autoridades terão de julgar se as ações de política monetária tomadas até o momento estão tendo o ¿efeito desejado¿. Ele acrescentou que o BC ¿agirá quando e como necessário¿ para manter a economia sustentada.

Ele observou que as altas recentes nos preços da energia e das commodities ¿sugerem riscos levemente maiores para as projeções da inflação cheia e para seu núcleo¿.

Bernanke afirmou que o núcleo da inflação deverá moderar-se após 2008, uma vez que as autoridades ¿esperam que as expectativas de inflação permaneçam razoavelmente bem ancoradas e as pressões sobre a utilização dos recursos da economia sejam reduzidas¿.

REPERCUSSÃO

Robert Mellman, economista do Banco JP Morgan, destacou a ênfase dada por Bernanke - como já havia feito no Comitê de Bancos do Senado, neste mês - aos riscos ao crescimento da economia e na disposição do Fed em agir. Ontem, o presidente do Fed voltou a afirmar que o Comitê de Mercado Aberto do Fed (Fomc, em inglês) agirá de maneira apropriada para ¿dar suporte ao crescimento¿.

O vice-presidente de Mercado Global do Bank of New York Mellon, Michael Woolfolk, avaliou que o discurso ¿não deixou dúvidas¿ de que o Fomc continuará cortando os juros para compensar os riscos ao crescimento. Mas, segundo ele, ¿a parte mais importante do depoimento foi o que ele não disse¿. ¿O Fed está acompanhando de perto os dados do crescimento com objetivo de ponderar o próximo corte do juro, mas está ignorando os dados da inflação e a ameaça crescente à estabilidade de preços¿, ressaltou.

Para Brian Bethune, da consultoria Global Insight, o Fed ¿deixou a porta aberta para mais cortes do juro¿, uma vez que continua extremamente preocupado com o riscos para o crescimento. O analista acrescentou que os riscos continuam apontando para desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), especialmente no que concerne ao setor de imóveis residenciais e à possibilidade de que as condições de crédito sofram maior aperto.

O economista-chefe da consultoria Action Economics, Michael Englund, deu destaque ao fato de Bernanke ter feito observações sobre inflação e o declínio do dólar. A razão, ponderou, é que o dólar em queda deverá pôr mais pressão sobre a inflação nos próximos meses.

Bernanke reconheceu o avanço da inflação e acrescentou que, se o preço do petróleo continuar avançando, se tornará ¿um problema muito difícil¿.

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