Título: CPI só começa a trabalhar na semana que vem
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/02/2008, Nacional, p. A10

Depois de uma disputa pelo comando que durou duas semanas, a CPI mista que vai investigar o uso dos cartões corporativos só deverá começar a funcionar na semana que vem.

Diante do impasse criado pelo PT da Câmara, que quer ficar com a presidência da CPI, abrindo mão da relatoria para o PSDB do Senado, o presidente do Congresso, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), deu prazo até terça-feira para que os partidos indiquem seus representantes na comissão. Mas nem o governo nem os senadores estão levando a sério a reivindicação da bancada petista da Câmara.

¿Sou de um tempo em que se brigava mais pela relatoria, que era considerada a mais importante em uma CPI¿, disse ontem o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. E observou: ¿Vai ter que ter a CPI para não ficar com cheiro de sem-solução.Tudo vai ser fiscalizado e o governo tem absoluto interesse nisso e que haja entendimento entre as duas Casas (Câmara e Senado), pois assim o resultado será melhor¿.

Para evitar acirrar os ânimos, Múcio marcou para terça-feira reunião com os líderes do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS); no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR); e do PT na Câmara, Maurício Rands (PE). A idéia é tentar demover o PT da Câmara da proposta de ficar com a presidência da CPI.

¿Acho que deveríamos preservar o acordo inicial. Não dá para modificar a composição inicial, que já deu tanto trabalho. Faço um apelo para se acabar com essa discussão. Parece até uma briga menor¿, argumentou ontem Garibaldi Alves.

¿O acordo foi feito. O PT não cedeu nada. Foi o PMDB do Senado que cedeu a presidência à oposição¿, disse Jucá, mentor do entendimento entre governo e oposição para que a presidência da CPI ficasse com os tucanos. ¿O PT sempre foi contra esse acordo. Mas acho que não tem como retroceder agora¿, observou o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO).

Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), a solicitação da bancada petista da Câmara tem por objetivo ¿postergar o início das investigações¿. ¿Houve um acordo. Não tem porque roer agora a corda¿, afirmou o tucano. Ele ameaçou exigir a instalação da CPI formada exclusivamente por senadores. A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) foi a indicada para presidir a CPI.