Título: Aécio atribui aprovação a Lula a bendita herança de FHC
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2008, Nacional, p. A6

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), disse ontem que a alta aprovação do governo Lizar Inácio Lula da Silva deve ser atribuída, em boa parte, à ¿bendita herança¿ que o presidente recebeu ao assumir o Palácio do Planalto, em 2002, após dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Pesquisa do instituto Datafolha mostrou um novo recorde de avaliação positiva da gestão - 70% dos brasileiros consideram o atual governo ótimo ou bom.

¿É a conseqüência do bom momento que o Brasil viveu, em decorrência, em boa parte, de uma certa bendita herança em relação à estabilidade econômica, aos marcos fundamentais da política macroeconômica. E também dos acertos do governo Lula, que reconheço¿, comentou. Ao tomar posse, o presidente e petistas costumavam falar em ¿herança maldita¿.

Para o governador, a avaliação decorre fundamentalmente ¿da satisfação consigo mesmo, do sentimento que o cidadão tem de como ele está, de como está a sua família, de como está progredindo no trabalho, que perspectivas tem para o futuro¿. E emendou: ¿Se vive momento de otimismo, isso se reflete na avaliação presidencial. A economia brasileira veio crescendo até aqui. Infelizmente, não avançamos em determinadas reformas antes desse período de crise, o que poderia ter acontecido.¿

Avaliação similar à de Aécio foi feita pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM). Para ele, o resultado da pesquisa ainda é resultado ¿dos tempos de bonança¿ e dos avanços da era FHC. ¿A crise está chegando e aponta para um quadro não tranqüilizador¿, acrescentou. ¿Os indicadores já estão complicados. Eu preferia que o presidente Lula ficasse com a popularidade alta, mas sem a crise.¿

Virgílio comentou que não se preocupa com a alta popularidade de Lula, mesmo porque, acrescentou, o presidente não é candidato nem transfere votos.

Para o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), ¿é natural¿ o aumento da popularidade de Lula, uma vez que o governo ¿postergou o impacto que a crise vai ter na economia, que vai entrar em processo de desaceleração¿. ¿O surpreendente na pesquisa é a expectativa da população em relação à economia no ano que vem¿, observou o dirigente partidário.

Pela levantamento do Datafolha, 78% dos entrevistados acreditam que 2009 será melhor que este ano. A sondagem registrou ainda que 72% tomaram conhecimento da crise.

Na avaliação do líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), o governo ¿não fez tudo o que deveria fazer¿ para conter a crise. Ele argumentou, no entanto, que ¿o presidente, com a ajuda da oposição, está agindo responsavelmente para minimizar os efeitos da crise internacional sobre o Brasil¿.

O líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), enfatizou que o resultado da pesquisa é reflexo do ¿impacto da opinião pública sobre a gestão do presidente Lula quanto a crise¿. ¿É mais do que aprovação pessoal do presidente. É o reconhecimento do programa que está sendo executado pelo PT e os partidos aliados¿, disse.

BALANÇO

Na avaliação do ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, a pesquisa mostra que a população não associa o governo à crise financeira e aprova o ¿governo para todos¿ de Lula. ¿A sociedade tem consciência de que o presidente está conduzindo a crise com equilíbrio e sensatez.¿

Além disso, reforçou o ministro, os brasileiros sabem que a turbulência não foi gerada no Brasil, mas no exterior.