Título: Entidades defendem exame unificado e condenam privilégio a escola cubana
Autor: Iwasso, Simone; Leite, Fabiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2009, Vida &, p. A15

As entidades médicas defendem um exame nacional e universal para validação de diplomas de alunos de escolas de medicina estrangeiras, organizado pelo governo federal, e condenam processos específicos para estudantes de Cuba. Elas prometem medidas contra a portaria dos Ministérios da Educação e da Saúde que, em fevereiro deste ano, criou uma subcomissão para desenvolver projeto piloto em prol dos formados em medicina na ilha.

"A portaria é um subterfúgio. O caminho natural dos acordos diplomáticos é por meio do Congresso. A portaria burla o processo democrático. Não é possível um processo que se aplique somente a estudantes de Cuba e não aos de Oxford, Harvard", afirma José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Médica Brasileira.

Com o apoio dos médicos, deputados já encaminharam um projeto para barrar a portaria. "O que levanta suspeita é que a portaria saiu na véspera do Carnaval e com artigo específico sobre a escola de medicina de Cuba. Não há como justificar o privilégio para a escola", afirma o deputado Rafael Guerra (PSDB-MG), um dos autores da proposta para barrar a medida. "Queremos uma prova nacional e para todos."

De acordo com Ana Estela Haddad, diretora do departamento de gestão da educação na saúde, do Ministério da Saúde, o projeto piloto pretende justamente criar uma avaliação justa com os recém-formados. "Estamos num estágio avançado de trabalho, onde com apoio de 16 universidades brasileiras construímos uma matriz de correspondências curriculares, para saber o perfil do formado em Medicina hoje nas nossas escolas", explica.

O objetivo é, a partir desse material, criar uma avaliação que não seja nem muito fácil nem muito difícil, exigindo conhecimentos que apenas um especialista teria. "Com isso pronto, vamos fazer uma avaliação centralizada com ajuda do Inep para os alunos de Cuba", complementa Ana Estela. Ela afirma que, até o momento, 217 formados demonstraram interesse em participar.

PROTESTO

José Gomes do Amaral Presidente da AMB

"A portaria burla o processo democrático. Não é possível um processo que se aplique somente a estudantes de Cuba e não aos de Oxford, Harvard"