Título: G-20 anuncia plano de US$ 1,1 tri e maior controle financeiro
Autor: Sant"Anna, Lourival
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2009, Economia, p. B1

Líderes confirmam acordo para triplicar o capital do FMI e aumentar a vigilância sobre fundos e paraísos fiscais

Lourival Sant"Anna, LONDRES

As 20 maiores economias do mundo - representadas por 19 países desenvolvidos e emergentes e pela União Europeia - confirmaram ontem um pacote de US$ 1,1 trilhão para irrigar a economia mundial. Os líderes do G-20 prometeram triplicar o capital do Fundo Monetário Internacional (FMI) de US$ 250 bilhões para US$ 750 bilhões, com o aporte imediato de US$ 250 bilhões pelos países-membros e mais US$ 250 bilhões em Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês), equivalente à emissão de uma moeda, para reforçar as reservas dos países necessitados.

Para chegar a US$ 1,1 trilhão, o FMI vai captar mais US$ 500 bilhões em Novos Arranjos para Empréstimos (NAB, na sigla em inglês) de países-membros e instituições. Outros US$ 100 bilhões deverão vir de captações no mercado, que ficarão disponíveis para os bancos multilaterais de desenvolvimento. Além disso, o FMI também poderá vender parte de seu ouro para emprestar US$ 6 bilhões a países pobres.

No comunicado final do encontro realizado em Londres, os líderes do G-20 comprometeram-se a tentar superar a crise global até o fim de 2010. Até lá, a soma de programas de estímulo, isenções fiscais, emissão de moedas e de títulos já anunciados e ainda previstos vai chegar a US$ 5 trilhões. Os chefes de Estado e de governo também concordaram em aprimorar a regulamentação do sistema financeiro, inclusive para fundos de hedge; obrigar os paraísos fiscais a dar informações; reformar as instituições multilaterais, dando poder de voto a países emergentes; evitar medidas protecionistas e retomar a Rodada Doha; e aumentar a ajuda aos países pobres.

"Estamos empreendendo uma expansão fiscal sem precedentes e concertada, que salvará ou criará milhões de empregos que de outra forma teriam sido destruídos, e até o fim do ano que vem somarão US$ 5 trilhões, aumentarão a produção em 4% e acelerarão a transição para uma economia verde", diz o comunicado, negociado pelos diplomatas do início da semana até o fim da manhã de ontem.

A "economia verde" refere-se ao compromisso de reduzir o uso de energia fóssil, que provoca aquecimento global. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anfitrião da cúpula, defende a tese de que a conversão para fontes renováveis de energia vai criar empregos.

"Juntas, essas ações constituem o maior estímulo fiscal e monetário e o programa de apoio para o setor financeiro mais abrangente da era moderna", diz o comunicado. "Comprometemo-nos hoje a adotar todas as medidas necessárias para garantir o resultado." O FMI ficou encarregado de monitorar o cumprimento das promessas. Segundo Brown, uma nova cúpula será marcada entre setembro e dezembro.