Título: Inflação de commodities banca avanço da exportação
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2008, Economia, p. B10

Em 2007, as exportações brasileiras cresceram 17% em valor, mas em volume o aumento foi de apenas 6,9%

A alta nos preços das commodities está salvando as exportações brasileiras e permitindo que o País tenha taxa de crescimento em 2008 acima dos índices da China, pela primeira vez em décadas. Os dados são da Organização Mundial do Comércio (OMC) e indicam que, neste ano, o Brasil tem apresentado desempenho bem acima da média mundial em suas vendas. Já em 2007, pelo ranking divulgado ontem, o País conseguiu avançar uma posição e hoje ocupa o 23º lugar, ainda que a taxa de crescimento esteja abaixo da média do Mercosul e seja a menor entre os BRICs (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China).

Segundo a análise da OMC, mais da metade da alta nas exportações ocorreu por causa dos preços, e não do volume exportado. Representando apenas 1,2% do comércio mundial, o Brasil precisaria se concentrar em garantir maior competitividade de seus setores produtivos para não depender dos preços dos produtos de base.

Em 2007, as exportações brasileiras cresceram 17% em valor, com US$ 161 bilhões. Em 2006, o País havia caído para a 24ª posição no ranking da OMC e, no atual relatório, retoma a posição de 2005. Em volume, porém, o Brasil viu suas vendas crescerem apenas 6,9% em 2007.

¿A diferença é muito grande, e demonstra que parte do aumento das exportações ocorreu mesmo por causa dos preços¿, disse Michael Finger, economista da OMC. ¿A bonança nos preços das commodities não vai durar para sempre. O Brasil precisa aproveitar para montar uma estratégia que permita aumentar a competitividade em todos os setores.¿

Em um ano, a alta nos preços dos minerais exportados foi de 18%, 15% para alimentos e bebidas (entre elas café e cacau), 10% para combustível e 5% em produtos agrícolas não transformados. O resultado é que, dos US$ 13,6 trilhões em exportações no mundo em 2007, mais de dois terços da alta de 15% em relação a 2006 resultou da inflação.

O governo chegou a estar tão empolgado com o ritmo das exportações no início do ano passado que previu que o Brasil seria o 20º maior exportador, o que não ocorreu. Apesar de ter subido um lugar na tabela e superado os Emirados Árabes Unidos, o País ainda teve taxas de crescimento das vendas abaixo da China, com 26%, e da Índia, com 20%. Entre os BRICs, é o último, ao lado da Rússia.

Neste ano, os dados são ainda melhores, diante dos preços internacionais que não param de subir. Em janeiro, as exportações cresceram 20,9%, ante 26,4% em fevereiro. Na China, a alta foi de 21% nos dois primeiros meses. Segundo Loew, a conta que o Brasil precisa começar a fazer é se a alta nos preços das commodities vai compensar a queda na importação em volumes dos países ricos diante da crise que se aprofunda.

Para a OMC, o Brasil não pode apenas comemorar os números sem se preocupar com as tendências futuras. Uma das advertências é para que o País não passe a depender das exportações de produtos de base. ¿Obviamente que os fazendeiros estão felizes. Mas será necessário ver o que dizem os demais setores¿, disse Finger. Dados da OMC mostram que o Brasil foi o terceiro maior exportador agrícola em 2006, superado apenas por EUA e Europa.

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