Título: País tem 2ª maior alta na importação
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2008, Economia, p. B10

Expansão foi de 32% em 2007; no primeiro bimestre de 2008, atingiu 50%

Diante de um câmbio valorizado e de um aumento no consumo doméstico, o Brasil apresenta um dos maiores aumentos de importação entre as 30 maiores economias do mundo, com taxas duas vezes maiores que o desempenho de suas exportações. Em 2007, o País teve alta de 32% nas importações, subindo no ranking da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Com 35%, apenas os russos tiveram uma alta nas importações acima da taxa brasileira no ano passado. Nos dois primeiros meses do ano, a alta foi ainda maior e chegou a 50%, provocando reações de surpresa até mesmo entre os experientes economistas em Genebra.

O índice brasileiro é ainda o dobro da média mundial, de 14% no ano passado. Na América do Sul, a alta nas importações foi de 26%. A previsão é de que essa tendência seja mantida nos próximos meses, com o potencial de reduzir o superávit na balança comercial.

Em 2006, o Brasil ocupava a 29ª posição entre os importadores, com US$ 88 bilhões. Um ano depois, o País subiu à 27ª posição, superando Dinamarca, República Checa e Emirados Árabes Unidos. No total, a economia brasileira importou US$ 127 bilhões, ainda que isso represente apenas 0,9% das compras mundiais. Em 2006, era apenas 0,7%.

Para a OMC, o Brasil vem mantendo taxas altas de importação. Mas nada como em 2007 e o início de 2008. Em 2006 houve crescimento de 14%. Um ano antes, chegou a uma alta de 17% e 31% em 2004.

Fora dos 30 maiores importadores, outros países emergentes também apresentaram taxas elevadas de compras. A Venezuela aumentou suas importações em 45%, ante 35% na Arábia Saudita, 36% no Vietnã e 34% na Ucrânia.

A alta também permitiu que a participação dos países em desenvolvimento no comércio mundial chegasse a um novo recorde, com 34% de todo o fluxo.

¿O brusco aumento dos preços das matérias-primas - particularmente combustíveis e metais - se traduziu em uma importante melhora da situação financeira da maioria das regiões em desenvolvimento e impulsionou as importações¿, afirma o relatório da OMC.

Na avaliação da OMC, um fator que está contribuindo para essa alta no Brasil é a mistura entre um câmbio valorizado e o fortalecimento do consumo doméstico. Com um real valorizado, os consumidores passaram a procurar mais pelos bens importados, que chegaram às prateleiras com preços menores.

¿O câmbio no Brasil certamente teve um peso nessa avaliação¿, afirmou Patrick Loew, economista-chefe da OMC. O setor produtivo também teria aproveitado o câmbio para fazer investimentos em máquinas.

O resultado é que, no total, as importações do País cresceram 25% em volume, uma das taxas mais altas em 2007 em todo o mundo.

Nos dois primeiros meses de 2008, as importações superaram os números de 2007 e chegaram a 50%, bem acima das exportações, que cresceram cerca de 24%. Só em fevereiro a alta foi de 66%, taxa que chegou a assustar os economistas da OMC.

SERVIÇOS

Até no setor de serviços o Brasil vem apresentando altas taxas de crescimento das importações. Com compras de US$ 34 bilhões, a alta foi de 24%. Em 2007, o Brasil ocupou a 26ª posição nesse ranking de serviços, acima da Suíça. Em 2006, estava na 27ª posição, com US$ 27 bilhões em importação de serviços.

No total, as importações no mundo chegaram a US$ 14,2 trilhões em 2007. Desse total, 14% ocorreram nos Estados Unidos. Os americanos somaram pela primeira vez importações no valor de US$ 2 trilhões, US$ 1 trilhão acima do segundo colocado, a Alemanha.

A China superou o Japão e se tornou a terceira maior consumidora do mundo, com US$ 621 bilhões e um crescimento de 21%. Os países europeus também tiveram taxas de aumento das importações diante da valorização do euro. O crescimento na Alemanha foi de 17%, ante 13% na França e 14% na Itália. Holanda e na Bélgica tiveram aumento maior, de 18%.

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