Título: Parlamentar da UE duvida de potencial agrícola do País
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Economia, p. B8

Para Parish, é difícil ampliar área para alimento e etanol

Em seu primeiro compromisso oficial no Brasil, o presidente da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, Neil Parish, disse que a União Européia (UE) tem dificuldades para entender a ¿aritmética¿ do Brasil para sustentar que é possível ampliar simultaneamente as áreas para a produção de alimentos e de biocombustíveis.

O programa brasileiro de etanol tem sido apontado por organismos internacionais como um dos responsáveis pela escassez mundial de alimentos, argumento refutado por representantes do governo e da iniciativa privada, que afirmam haver no País áreas disponíveis para o cultivo de grãos e de cana.

Ao participar, pela manhã, de um debate na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o parlamentar europeu lembrou que a questão do abastecimento mundial de alimentos preocupa. Por isso, exemplificou, as autoridades européias decidiram eliminar um programa de subsídios que permitia aos agricultores dos 27 países do bloco, por razões de mercado, manter áreas vazias. ¿Quando a oferta de cereais, trigo e arroz não é suficiente, não há justificativas para manter áreas livres.¿

No debate, o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta, destacou que a produção brasileira de grãos - estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 140,77 milhões de toneladas na safra atual - está ¿aquém da capacidade do País¿. Segundo ele, os produtores brasileiros poderiam produzir mais se o governo investisse em logística para escoamento da produção, principalmente em portos.

Diante do potencial da agricultura brasileira, o deputado europeu Friedrich Baringdorf, vice-presidente da comissão, pediu ¿consideração do Brasil com a realidade de outros países¿, ou seja, com aqueles que não podem produzir em condições parecidas com as do Brasil. ¿O Brasil não pode ser ambicioso e achar que pode alimentar todo o mundo com produtos baratos.¿

Os parlamentares ficarão no País até quinta-feira. Hoje, eles participarão de uma reunião com deputados e senadores brasileiros. À tarde, eles viajam para o município de Inhumas (GO), para visitar a Usina CentroÁlcool. No quarta-feira, o grupo visita fazendas de pecuária no município de Campestre de Goiás, Palmeiras de Goiás e Nazário, todos em Goiás.

Ontem, após reunir-se com a delegação do Parlamento Europeu que chegou ao Brasil no domingo, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que o País tem a pretensão de aproveitar a alta dos preços dos alimentos no exterior para ampliar suas exportações, e apontou os Estados Unidos como ¿vilão¿ no contexto atual de alta das cotações.

O ministro lembrou que os americanos produzem etanol de milho, prática que, segundo analistas, influenciou a alta dos preços dos alimentos no mercado mundial. Outro fator de elevação para os preços é a crescente demanda por parte de países como China e Índia.

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