Título: Crédito alcança 35,9% do PIB, o maior nível desde 1995
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2008, Economia, p. B3

Mas, segundo o BC, taxa de juros cobrada das empresas subiu em março

O volume de empréstimos e financiamentos às pessoas físicas e empresas manteve o ritmo de crescimento no primeiro trimestre deste ano e alcançou a marca de quase R$ 1 trilhão, o maior nível, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), desde janeiro de 1995.

Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), a oferta de crédito somou R$ 992,73 bilhões no período de janeiro a março, correspondente a 35,9% do PIB. Há 13 anos, o volume de crédito correspondia a 36,8% do PIB. ¿Os números mostram um crescimento generalizado das operações de crédito¿, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. O volume de empréstimos cresceu 3,5% em março ante fevereiro.

A expansão no mês passado foi acompanhada por um aumento nos juros dos financiamentos, em uma antecipação à elevação da taxa básica da economia brasileira (Selic), adotada há duas semanas pelo BC.

Segundo Altamir, a expectativa do BC é de que em abril haja uma acomodação das taxas cobradas pelos bancos, que já teriam incorporado ao custo de captação a alta da Selic de 11,25% para 11,75% ao ano.

Na média, a taxa paga pelas empresas passou de 24,8% para 26,5% ao ano. Março foi o terceiro mês seguido de aumento. Segundo o BC, a alta reflete o maior custo de captação no exterior (ver ao lado) e expectativa de variação cambial, itens que foram embutidos no custo de captação.

O gerente de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), André Rabelo, disse que as vendas aquecidas aumentam a necessidade de capital de giro e novos investimentos. ¿Isso ocorre a despeito do aperto monetário. Se a Selic não tivesse subido, o volume de empréstimos seria maior.¿

Nas operações para as pessoas físicas, o mercado continua aquecido. O segmento de leasing cresceu 7,4% no mês passado e atingiu R$ 36,3 bilhões em empréstimos. Segundo Altamir, a compra de veículos, que tem batido recordes seguidos no País, é o principal motor desse crescimento. Em 12 meses, as transações para pessoas físicas saltaram 121,5%. Em fevereiro, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), 86,4% dos novos contratos foram para a compra de veículos.

No cheque especial, o crédito mais caro do mercado, o juro subiu de 135,7% para 139,4% ao ano, maior nível desde setembro de 2003. Segundo Altamir, o aumento ainda reflete o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na média, o volume de empréstimos para as famílias cresceu 1,4%. O juro caiu de 49% para 47,8% ao ano, na média das operações.

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