Título: Paulinho se afasta da presidência do PDT paulista
Autor: Almeida, Roberto; Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2008, Nacional, p. A9

Segundo deputado, ele quer fazer ¿justas defesas¿ de seu mandato; partido diz que ato não significa `condenação¿

O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), envolvido em suposto esquema de desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), licenciou-se ontem do cargo de presidente do PDT paulista. Em carta enviada à Executiva Nacional do partido, Paulinho pediu afastamento e disse que vai se concentrar nas ¿justas defesas¿ de seu mandato e no ¿desmascaramento das infundadas acusações¿.

O pedido de afastamento veio poucos dias após a preparação do Relatório de Inteligência Policial - Deputado Paulo Pereira da Silva - PA, realizado pela Polícia Federal. O documento, de 89 páginas, aponta laços estreitos entre o parlamentar e réus da Santa Tereza, operação que desmascarou o esquema no BNDES. Contudo, o PDT informa que a atitude ¿não significa a condenação de Paulinho¿. ¿O PDT nunca foi, não é e jamais será lugar para corruptos¿, comunicou em nota o presidente nacional do partido, Vieira da Cunha.

De acordo com ele, o afastamento de Paulinho é temporário, pelo menos até que o processo de investigação que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) seja finalizado. A abertura do inquérito ocorreu no dia 6 de junho e, caso seja confirmada a participação do deputado na fraude, o Ministério Público, que comanda as apurações, deve denunciá-lo ao STF, com abertura de ação penal.

No Conselho de Ética da Câmara, o parlamentar enfrenta processo disciplinar que pode levar à cassação.

Na carta enviada à Executiva Nacional do PDT, o parlamentar reitera que tem sido alvo de campanha ¿baseada em acusações e denúncias falsas¿ e nega tráfico de influência para obter empréstimos do BNDES. ¿As pessoas já confessaram na Justiça que usaram meu nome indevidamente¿, sublinhou.

A saída de Paulinho da presidência do PDT paulista deve ser formalizada com publicação no Diário Oficial dentro de dois dias. A vaga será ocupada pelo ex-secretário do partido em São Paulo, o deputado Reinaldo Nogueira.

¿Agora cabe ao presidente nacional deixar o quanto tempo achar melhor a gente na presidência¿, disse Nogueira, que terá de coordenar as convenções da sigla. Segundo ele, Paulinho continua pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, mas os pedetistas têm outras opções para as eleições de outubro.

O bloquinho (PDT, PSB e PC do B) pode lançar uma candidatura própria, a qual o deputado Aldo Rebelo (PC do B) disputaria com Paulinho. E ainda é possível uma coligação com o PT de Marta Suplicy. ¿A opção deve sair no dia 28 de junho, data da última convenção¿, disse Nogueira.

RELATÓRIO PAULINHO

O criminalista José Roberto Batochio, que defende o advogado e ex-conselheiro do BNDES Ricardo Tosto, réu da Santa Tereza, enviou ontem a todos os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) cópia do relatório Paulinho, preparado pela PF.

A estratégia é demonstrar que o deputado foi efetivamente alvo da PF, o que justificaria retirar o processo em curso na 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, deslocando-o para o STF. ¿O relatório dedicado a Paulinho é datado de 4 de junho, ou seja, dois dias antes de o ministro do Supremo Carlos Ayres Britto autorizar a investigação sobre o deputado¿, declarou Batochio. ¿Vamos ver se alguém sustenta que 6 de junho é antes de 4 de junho, vamos ver se alguém vai subverter o calendário gregoriano.¿

Links Patrocinados