Título: Ação não teve caráter político, garante Tarso
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2008, Nacional, p. A4

Segundo ele, PF se orientou em dados técnicos de órgãos da União

Horas depois de agentes vasculharem, sem holofotes, os gabinetes de parlamentares e prefeitos, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou na tarde de ontem que a Operação João de Barro, desencadeada pela Polícia Federal em sete Estados e no Distrito Federal, não teve caráter político e só seguiu orientações técnicas de órgãos da União. Em entrevista, ele ressaltou que a operação seguiu o novo manual da PF de não expor suspeitos de crimes.

¿Gostaríamos de dizer que todas essas buscas, mandados de prisão e o trabalho de investigação feito não têm nenhuma destinação voltada a qualquer região ou facção política¿, disse. ¿A operação obedece estritamente o trabalho de órgãos técnicos da União Federal.¿

Tarso negou que o foco da operação fosse o Congresso. Disse ter informado o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), da ação na noite de anteontem. ¿Essa operação foi realizada com autorização da Procuradoria-Geral da República e acompanhamento do presidente Arlindo Chinaglia¿ disse. ¿O foco não era o Congresso.¿

O ministro afirmou que operações como a João de Barro continuarão. Elas tiveram por finalidade combater a lavagem de dinheiro em Santa Catarina e em São Paulo - o que envolveu o trabalho de 252 policiais e 33 auditores fiscais -; o combate ao narcotráfico em Mato Grosso, onde 120 homens cumpriram 18 mandados de busca e 24 prisões; e o trabalho de combate à corrupção em outros municípios, envolvendo mil policiais.

Foram cumpridos nessa última operação 231 mandados de apreensão e 38 prisões em São Paulo, Rio, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Minas, Goiás, Tocantins e Distrito Federal, com base em indicações do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU). ¿É importante ressaltar que essas inspeções são consideradas rotina para a Polícia Federal e o governo¿, disse.

Questionado sobre o motivo da convocação da imprensa, já que a PF falaria em seguida sobre a Operação João de Barro, o ministro negou em tom de ironia que quisesse lucrar politicamente. Ele disse que resolveu se antecipar porque tinha ¿absoluta certeza¿ de que os jornalistas iam passar a tarde inteira telefonando. Vera Spolidoro, assessora do ministro, completou afirmando que o repórter que fez a pergunta deveria ficar calado.

Para o ministro, o fato de a operação ter sido desencadeada para impedir o desvio de dinheiro destinado a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não significa que o projeto deva ser interrompido para uma avaliação. ¿Pelo contrário, tem que apressar as obras do PAC.¿

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