Título: S&P pede mais esforço fiscal
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2008, Economia, p. B14

Para analista, medida contribuiria para queda da inflação

Um maior esforço fiscal seria bem-vindo para auxiliar a política monetária no combate à inflação, afirmou Lisa Schineller, diretora de ratings soberanos da agência de classificação de risco Standard & Poor¿s, a primeira a conceder ao Brasil o grau de investimento. ¿Seria melhor se tivéssemos uma política mais equilibrada de combate à inflação, com mais ajuda do lado fiscal, o que facilitaria a tarefa¿, disse Lisa, referindo-se à necessidade de os gastos do governo pararem de crescer. ¿Mas é importante ressaltar que é tarefa do Banco Central manter a inflação dentro da meta.¿

Segundo Lisa, o problema da inflação no Brasil é mais complexo, porque resulta da alta global de alimentos e petróleo, aliada ao aquecimento da demanda doméstica. ¿A inflação é preocupante porque vai aumentar as pressões políticas e afeta mais as populações mais pobres¿, disse. ¿Esperamos que a inflação suba um pouco mais, mas que depois a atuação do Banco Central faça os preços caírem.¿ Lisa elogiou a atuação do BC, que se antecipou e começou a elevar os juros cedo, quando a medida ainda era controversa.

Nancy Lee, pesquisadora do Centro de Desenvolvimento Global, acha que a inflação no Brasil é preocupante. ¿Há uma tempestade se formando no Brasil, que junta o choque da alta de preços de commodities, as limitações de capacidade ociosa e o superaquecimento da demanda¿, disse Nancy, em evento organizado pelo Instituto Brasil do Woodrow Wilson Center. ¿O Banco Central precisará de ajuda do lado fiscal e da valorização da taxa de câmbio para auxiliar no combate à inflação.¿

Ela também apontou para as incertezas em relação ao fundo soberano, agora em segundo plano. ¿Se for um veículo para aplicar superávits fiscais, é ótimo, mas, se se transformar em instrumento de intervenção no câmbio, é preocupante.¿ Nancy lembrou que os outros países do grupo conhecido como Bric (Rússia, Índia e China) crescem mais que o Brasil, mas, em termos de inflação, o Brasil é ¿a estrela¿, pois os demais têm alta de preços mais acelerada.

Ela disse que, para o Brasil crescer 7% ao ano, seria preciso elevar a taxa de investimento para 25% do Produto Interno Bruto (PIB, dos atuais 18%) e o investimento em infra-estrutura para 5% a 7% do PIB.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada n