Título: Migração reforça economia, diz relatório
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2009, Vida&, p. A18

Os migrantes estimulam a produtividade econômica dos países e dão a eles mais do que recebem. Essa é uma das conclusões do Relatório de Desenvolvimento Humano 2009, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) - que procura desfazer os mitos a respeito da migração. O documento defende que permitir a migração, tanto interna quanto para fora das fronteiras nacionais, é um fator de liberdade e de melhoria das condições de vida no mundo.

Intitulado Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos, o relatório afirma que a maioria dos migrantes no mundo desloca-se dentro dos limites de seu próprio país, e não para o exterior.

Esses migrantes internos somam hoje, segundo a entidade, 740 milhões de pessoas: quase quatro vezes mais o número de migrantes internacionais.

MAIS INVESTIMENTOS

A principal conclusão apontada pelas Nações Unidas é que o fluxo migratório, ao contrário do que se costuma imaginar, aumenta o emprego junto à comunidade que o acolhe, não expulsa a população nativa do mercado de trabalho e ainda melhora as taxas de investimento em novos negócios e iniciativas.

Entre os migrantes internacionais - que têm sido alvo de políticas restritivas por parte dos governos, em especial na Europa -, o relatório registra que menos de 30% deles deslocam-se de países em desenvolvimento para países desenvolvidos. Apenas 3% dos africanos, por exemplo, vivem atualmente fora do país onde nasceram.

"A migração pode ser uma força positiva, contribuindo significativamente para o desenvolvimento humano", resume a administradora do Pnud, Helen Clark. "Mas para apreendermos os seus benefícios", alerta a pesquisadora, "é necessário haver um ambiente político que a apoie, tal como sugere este relatório".

Curiosamente, um dos exemplos negativos citados pelo Pnud ocorreu no Brasil: a construção da barragem de Tucuruí, no Pará, que provocou o deslocamento de 25 a 30 mil pessoas, a maioria pertencente aos grupos indígenas Parakanã, Asurini e Parkatejê. O Pnud afirma que a mudança "alterou significativamente o estilo de vida" dessas populações, empurradas para áreas "sem a necessária infraestrutura".