Título: Ao lado de israelense, Lula defende visita de iraniano
Autor: Marin, Denise Chrispim ; Monteiro,Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2009, Nacional, p. A6

Shimon Peres já havia manifestado contrariedade com aproximação entre Brasília e Teerã, que "arma e alimenta o terrorismo" do Hamas e Hezbollah Ao lado do presidente de Israel, Shimon Peres, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a visita ao Brasil do iraniano Mahmoud Ahmadinejad, a seu convite, no dia 23. Escudado no princípio de que, como governante de um Estado soberano, pode priorizar as relações do Brasil com o exterior, Lula sinalizou que o País quer influir na solução de conflitos no Oriente Médio levando o Irã consigo.

"Não se constrói a paz no Oriente Médio sem conversar com todas as forças políticas e religiões", advertiu Lula, ao ser questionado por uma jornalista israelense sobre como o Brasil poderia compreender a visita oficial de um líder que negou a existência do Holocausto.

"Senão, você transforma o processo negociador em um clube de amigos, em que todos concordam, e os que discordam ficam de fora. Portanto, a paz não será possível." Com cautela para não se referir ao Irã, Lula afirmara pouco antes, em discurso, que o Brasil repudia todo ato de terrorismo que venha a ser cometido, sob qualquer pretexto, por quem quer que seja. Também defendera que a paz no Oriente Médio "só será alcançada com diálogo e negociação".

Ao ser confrontado, na entrevista, Lula insistiu que o Brasil não impõe "veto" a conversas com "quem quer que seja", desde que se possa extrair uma contribuição para a paz duradoura.

Ele sustentou ser preciso atrair mais interlocutores que tenham como ajudar na construção da paz no Oriente Médio, em referência clara ao Irã.

Shimon Peres manteve-se calado, uma vez que a pergunta fora dirigida apenas a Lula. Anteontem, no Senado, ele já havia expressado sua contrariedade a tal nível de aproximação entre Brasília e Teerã. Aos parlamentares, Peres declarou que o governo iraniano está "armando e alimentando o terrorismo" dos grupos Hamas, palestino, e Hezbollah, libanês, e que, com essa iniciativa, impede a criação do Estado Palestino.