Título: Yeda busca palanque para dizer a verdade
Autor: Nogueira, Rui
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/11/2009, Nacional, p. A8

"É o único período que terei para dizer a verdade", disse a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), referindo-se ao período de campanha eleitoral de 2010, com comícios e debates, além do horário gratuito de rádio e televisão. A tucana tem garantido a todos os interlocutores políticos que vai concorrer à reeleição.

Yeda foi alvo de um pedido de impeachment e uma ação de improbidade, que solicitou ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região o seu afastamento do cargo. "Fui eleita porque sou uma política honesta. E foi por isso que eu virei alvo de um ataque especulativo da oposição. Vou reconquistar a confiança dos eleitores e, como havia prometido, volto a falar depois que o Poder Judiciário se manifestou", declarou anteontem à noite a governadora, em Brasília, em um encontro com jornalistas.

A Assembleia Legislativa gaúcha arquivou o pedido de impeachment por não haver provas contra ela. O TRF também mandou excluir Yeda da ação de improbidade por não ver seu envolvimento no escândalo do Detran.

A governadora disse não estar preocupada com a baixíssima taxa de apoio revelada pelas pesquisas de opinião - em torno de 10% dos gaúchos -, após as denúncias sobre suposto uso de dinheiro do caixa 2 da campanha de 2006 para comprar por R$ 700 mil a casa em que mora, em Porto Alegre, e a suposta omissão em coibir fraudes no Detran que, segundo a Polícia Federal, somariam R$ 44 milhões.

"Estou em quarto lugar nas pesquisas e tenho o dobro do que tinha quando, quixotescamente, me candidatei ao governo do Estado, em 2006", afirmou ela, citando os índices "entre 3% e 4%" de três anos atrás.

Sobre as acusações, Yeda rebateu: "O proprietário da casa tentou vendê-la por R$ 1milhão e não conseguiu. Não comprei nada a preço fora do mercado. Vendi meu apartamento em Brasília e outros bens. Provo onde for preciso que tinha o dinheiro para comprar a casa." Segundo ela, uma das empresas acusadas de abastecer o suposto caixa 2 apresentou o recibo da doação ao comitê da campanha. "Quanto ao Detran, trata-se de investigação sobre uma gestão que não diz respeito ao meu governo."

A governadora disse que não vai mais viajar para o exterior, o que levaria o seu vice, Paulo Feijó (DEM), a assumir o comando do Estado. Depois de divergências deflagradas ainda durante a campanha eleitoral, Feijó passou a fazer denúncias contra o governo de Yeda. "Ele (Feijó) é um empresário que queria vender o banco estadual (Banrisul), mas eu nunca concordei com isso", avaliou a governadora. "Ali começaram os problemas."

Feijó não nega ter defendido a venda do banco. A Constituição do Rio Grande do Sul exige que a proposta de venda de estatais seja submetida a plebiscito, não bastando apenas a aprovação de um proposta de emenda constitucional (PEC).

A governadora optou por submeter as estatais a contratos de gestão, com metas claras. Para ela, quanto mais metas atingidas, maior a autonomia administrativa e maior a agilidade para investir. Estão sob contrato de gestão sete estatais: as companhias de energia elétrica (CEEE), mineração (CRM), distribuição de gás (Sulgás), de saneamento (Corsan), de artes gráficas e apoio à administração pública (Corag), de silos e armazéns (Cesa) e de processamento de dados (Procergs).