Título: Braskem deve anunciar compra da petroquímica Sunoco, dos EUA
Autor: Calais, Alexandre ; Luz, Cátia
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2010, Negocios, p. B12

Acordo, estimado em US$ 400 milhões, fará da empresa brasileira a sétima maior do mundo no setor

A aquisição da rival Quattor, na semana passada, colocou a Braskem na oitava posição no ranking das maiores petroquímicas do mundo. Mas a companhia nem esquentou o lugar. Na segunda-feira, deve anunciar a compra das operações petroquímicas da americana Sunoco, gigante que tem o forte de suas atividades na área de petróleo - é uma das maiores distribuidoras de combustível dos EUA. O negócio está estimado em US$ 400 milhões. Com a aquisição, a Braskem pula para a sétima posição entre as maiores petroquímicas globais. Procurada, a Braskem disse que não comentaria o assunto.

A entrada no mercado americano, com a compra de uma operação no país, era um objetivo que vinha sendo perseguido havia tempos pela Braskem. E se insere na estratégia do grupo de se tornar, até 2020, o quinto maior do mundo no setor. Com a Quattor, a capacidade de produção de resinas da Braskem chegou a 5,5 milhões de toneladas por ano. A Sunoco deve agregar mais 1,5 milhão de toneladas a esse número. Assim, a Braskem ultrapassa a britânica Ineos, que tem capacidade para 6,5 milhões de toneladas de resina, e fica bem perto da saudita Sabic (7,1 milhões) e da taiwanesa Formosa (7,2 milhões). As líderes globais são a holandesa LyondellBasell (10,91 milhões), a americana ExxonMobil (9,3 milhões), a chinesa Sinopec (8,6 milhões) e a americana Dow (7,7 milhões).

A Braskem também negocia com outras empresas nos EUA, e a aquisição da Sunoco pode não ser a única do grupo em território americano. Para a empresa brasileira, o foco no mercado americano é a forma mais eficiente, neste momento, de ganhar mais relevância no tabuleiro global. Nos outros grandes mercados, o europeu e o asiático, a forte presença de empresas do Oriente Médio, que têm à disposição matéria-prima farta e barata para a produção de resinas, torna a concorrência muito mais difícil.

A empresa brasileira, controlada pela Odebrecht - mas agora com uma participação muito maior da Petrobrás na administração -, já havia fincado um pé no mercado da América do Norte no fim do ano passado. Em novembro, anunciou a construção no México - em parceria com o grupo mexicano Idesa - de um complexo petroquímico com investimentos avaliados em US$ 2,5 bilhões. Esse complexo será composto de uma unidade de produção de etileno, com capacidade de 1 milhão de toneladas por ano, e três unidades de produção de polietileno - a matéria-prima para a fabricação de produtos plásticos.

Nesse caso, o mercado americano já estava na mira. Além de abastecer o México, as projeções são de que haverá ainda um excedente de produção que poderá ser exportado para os EUA - que, segundo estudos, devem deixar de ser autossuficientes a partir de 2015.

Os planos internacionais da Braskem incluem também investimentos na América do Sul. A empresa constrói duas unidades petroquímicas na Venezuela, em parceria com a estatal Pequiven. Esse projeto, porém, já teve seu prazo de conclusão adiado duas vezes. A princípio, a previsão era iniciar as operações agora em 2010. Esse prazo, porém, foi postergado em 2008 para uma janela entre o fim de 2011 e o começo de 2012. No ano passado, esse prazo foi adiado mais uma vez, para o início de 2013.

O grupo brasileiro também estuda investimentos em novas unidades no Peru e na Bolívia. Esses negócios, porém, ainda não passaram da fase de prospecção e dependem de algumas variáveis, como a garantia de fornecimento de matéria-prima, para saírem do papel.