Título: Família de iraniana diz que está disposta a viver no Brasil
Autor: Worth , Robert F.
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2010, Internacional, p. A14

Filho e advogados de Sakineh pedem que País transforme em proposta concreta a oferta de receber a condenada

A família de Sakineh Mohammadi Ashtiani, iraniana sentenciada à morte por adultério, afirmou estar disposta a viver no Brasil, caso o governo do Irã aceite a oferta do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de receber a condenada no País. Grupos de apoio à iraniana, porém, cobram uma ação concreta do Brasil no caso.

A declaração foi feita ao Estado por Sajad Ashtiani, filho de Sakineh. "Preferíamos continuar no Irã, que é nosso país", disse Sajad. "O ideal seria que minha mãe fosse solta e ficássemos aqui, mas se ir ao Brasil significará que minha mãe viverá, estão, certamente, estamos dispostos a mudar." Advogados da iraniana e grupos de apoio europeus, porém, alertaram que Lula precisará transformar rapidamente seu discurso em uma proposta concreta que seja uma solução para a questão.

Amanhã, advogados da iraniana participarão da última audiência do caso e a família de Sakineh foi informada que receberá notícias definitivas sobre a condenada na quinta-feira.

Pressão. A percepção de grupos de defesa dos direitos humanos que apoiam Sakineh é a de que Teerã sabe que tem poucos aliados no mundo e, portanto, não deveria ignorar um apelo feito pelo Brasil, um dos principais parceiros dos iranianos atualmente.

"Essa proposta precisa se transformar em iniciativa concreta", disse Mina Ahadi, ativista iraniana que há anos vive na Europa e coordena o Comitê Contra o Apedrejamento no Irã. Sakineh tem dois filhos e foi condenada em 2006 a 99 chibatadas por ter "relações ilícitas" com dois homens. Uma outra corte retificou a condenação para "adultério" e a sentenciou à morte por apedrejamento.