Título: A casa onde os Garibaldis se abrigam
Autor: Pires, Carol
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/10/2010, Nacional, p. A18

Suplente de Rosalba Ciarlini, eleita governadora do RN, pai do senador vai tomar posse como titular no Senado

Chamado de clube de amigos, onde as disputas ideológicas do plenário são curadas no cafezinho, o Senado é também a segunda casa de algumas famílias.

O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), por exemplo, vai economizar na conta de telefone a partir do 1.º de fevereiro, quando o pai dele, Garibaldi Alves (PMDB-RN), tomará posse como senador da República. Suplente de Rosalba Ciarlini, será efetivado senador com a renúncia da titular, eleita governadora do Rio Grande do Norte.

Garibaldi Filho, de 63 anos, tem o costume impreterível de ligar para o pai, de 87 anos, todos os dias após o expediente no Senado. "Papai, é Gueire", anuncia ao celular, antes de perguntar: "O senhor assistiu à TV Senado hoje?" Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, ele é uma das estrelas da TV Senado.

Brincalhão, Garibaldi acaba sempre levando puxão de orelha do pai quando abusa do tom piadista. "Não é do estilo dele, então ele briga. Mas todo pai briga com o filho em algum momento", contemporiza o senador, que é cobrado a ter um "tom de mais seriedade".

São Paulo também terá uma bancada familiar a partir do próximo ano. Marta e Eduardo Suplicy, casados por 36 anos e divorciados desde 2001, cumprirão mandatos juntos no Senado.

De amigos, Eduardo Suplicy já começou a ouvir brincadeiras: "Então vocês estão juntos novamente?". "Estamos juntos apenas no Senado", esclarece o senador, que já sugeriu a Marta que ocupe o gabinete hoje usado por Aloizio Mercadante (PT) porque é "mais perto do plenário". O gabinete é também o mais próximo da sala de Suplicy.

Antes desta eleição, os únicos familiares cumprindo mandato juntos tinham sido os peemedebistas José Sarney (AP) e a filha, Roseana, que renunciou o mandato para assumir o governo do Maranhão, e os irmãos Osmar e Álvaro Dias.

Em lados opostos na política - um pelo governista PDT e outro pelo PSDB oposicionista -, os dois fizeram um pacto de, pelo menos, não se enfrentarem em eleições. O resto, segundo Álvaro Dias, é "administrável".

No Senado, as únicas trocas de farpas eram mesmo sobre a idade. O mais novo, Osmar, aparenta ser mais velho por cultivar uma vasta barba branca. "Não parece, mas eu sou o mais novo", diz ele, que encerra o mandato este ano. "Meu nepotismo acabou", brinca Álvaro, que afirma ter a "vantagem de ser mais experiente".