Título: Investimento perde fôlego no trimestre
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/12/2010, Economia, p. B3

Taxa de investimento continua crescendo 20% em relação a 2009, mas o ritmo é menor que o do primeiro e do segundo trimestres de 2010

Pelo terceiro trimestre consecutivo com expansão acima de 20%, a formação bruta de capital fixo, que expressa os investimentos na economia, mostrou desaceleração entre julho e setembro deste ano, revelou ontem o IBGE.

Segundo o instituto, o indicador subiu 21,2% em relação ao terceiro trimestre de 2009, bem à frente do consumo, que cresceu 5,9% na mesma comparação. No primeiro e no segundo trimestres, a expansão havia sido de pouco mais de 28%. O desempenho foi influenciado pelo consumo de máquinas e equipamentos, cuja indústria nacional foi impulsionada pelo crédito subsidiado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o aumento das importações incentivado pelo dólar baixo.

O indicador só começou a se recuperar após a crise no quarto trimestre de 2009, quando cresceu 7,5% em relação ao terceiro. Já entre julho e setembro deste ano, na comparação com o trimestre anterior, a variação foi de 3,9%, um pouco abaixo dos 4,3% do segundo e 4,0% do primeiro.

"O crescimento segue puxado pela demanda doméstica, com consumo em alta e confiança em ascensão. Mas o efeito da crise foi forte, principalmente na queda do investimento, componente mais volátil da demanda agregada. Agora, a recuperação já superou em 5% o nível de setembro de 2008, o que significa mais investimento na economia hoje do que antes da crise", disse Gilberto Borça Junior, gerente da área de pesquisa e acompanhamento econômico do BNDES.

O economista Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) chama a atenção para o fato de o PIB também ter ultrapassado o nível de 2008 na mesma medida. "O investimento caiu mais do que o PIB. O ritmo do aumento do investimento nos últimos trimestres reflete a queda forte a partir da crise americana", afirmou.

Para o Borça Júnior, o câmbio favoreceu a expansão e modernização do parque fabril com a importação de máquinas, mas não foi um fator decisivo. O mesmo aconteceu com o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que já financiou cerca de R$ 70 bilhões em bens de capital com juros reduzidos e pode acabar em março. "O PSI e o câmbio ajudaram na antecipação dos investimentos, mas a decisão está mais ligada à expectativa de aumento da demanda", afirmou.