Título: Ex-menino de rua vê melhora em 20 anos
Autor: Manso, Bruno Paes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2011, Cidades, p. C1

Aos 12 anos, Marco Antônio da Silva teve de se acostumar com a vida no relento do ABC; hoje, ele coordena rede de defesa de direitos de crianças

Em 1983, Marco Antônio da Silva, de 39 anos, conhecido como Marquinhos, vivia nas ruas de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Naquele ano, ele teve o pai assassinado e coube à mãe cuidar sozinha dos quatro filhos. Eram tempos em que os jovens das ruas eram alvo de grupos de extermínio e justiceiros. Foi também o ano em que ele teve contato com os primeiros educadores sociais, profissão ainda pouco conhecida.

Esses profissionais o ajudaram a mudar a cabeça. Em 1989, Marquinhos integrou o grupo de meninos e meninas de rua que lotaram o Congresso Nacional para pressionar por uma legislação para a área, ação que levou no ano seguinte à criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

"Existem problemas, mas é inegável que as políticas públicas para a criança e o adolescente evoluíram muito nos últimos 20 anos. O que torna o Brasil a principal referência na América Latina", diz Marquinhos, que além de militar no Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, é coordenador da Rede de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da América Latina e do Caribe.

A professora Maria Stela Santos Graciani, coordenadora do Núcleo de Trabalhos Comunitários da PUC-SP, concorda que houve avanços profundos. "Hoje existem menos crianças e jovens nas ruas." Ela cita as políticas de renda associadas ao desempenho escolar e as ações de erradicação do trabalho infantil como iniciativas decisivas.

A criação dos conselhos municipais e nacional, espalhados por quase todos os municípios, a atuação dos conselheiros tutelares e a formação da rede de proteção com a sociedade civil são outras medidas de sucesso.