Título: Preço do petróleo volta a subir por Irã e Arábia Saudita, a US$115,42
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2011, Economia, p. 26

BC americano vê risco se cotações continuarem elevadas por muito tempo

WASHINGTON, NOVA YORK, LONDRES, RIO e SALVADOR. Os preços do petróleo voltaram a subir ontem devido ao temor de que os protestos se intensifiquem no Irã e na Arábia Saudita. As cotações avançaram mais de 3% com manifestações no Irã, onde líderes de oposição foram presos. Na Arábia Saudita, foram convocados protestos para os dias 11 e 20. Além disso, o governo prendeu o clérigo xiita Tawfiq al-Amir, que pedira uma monarquia constitucional e direitos iguais para a minoria xiita.

Em Londres, o barril do Brent fechou com alta de 3,2%, para US$115,42, a maior cotação desde 27 de agosto de 2008. No pregão eletrônico, após o fechamento dos mercados, o Brent atingiu US$116,76. Já o barril do tipo leve americano, negociado em Nova York, avançou 2,7%, para US$99,63, o maior patamar desde 30 de setembro de 2008. No pregão eletrônico, chegou a US$100,68.

Presidente da Petrobras descarta reajustes agora

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, assegurou, no entanto, que ainda não é o momento de a estatal mudar os preços de combustíveis, porque estes estão variando e a política da empresa é de longo prazo. O último reajuste da Petrobras foi em maio de 2009.

- Mas, se o preço continuar subindo, temos de analisar - disse Gabrielli à Bloomberg News na Bahia.

Apesar das recentes altas dos preços de petróleo, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não espera um grande impacto sobre a economia dos Estados Unidos. O presidente do Fed, Ben Bernanke, no entanto, afirmou ontem que, se a alta persistir, pode enfraquecer o crescimento da economia e puxar a inflação.

- Altas persistentes nos preços do petróleo ou de outras commodities representariam uma ameaça tanto ao crescimento econômico como à estabilidade geral dos preços, particularmente se desestabilizarem as expectativas de inflação - afirmou Bernanke em depoimento no Comitê Bancário do Senado.

A alta do petróleo também é alvo de preocupação dos europeus. Relatório da Ernst & Young Eurozone Forecast divulgado ontem afirma que, caso os preços da commodity continuem subindo e em elevação e cheguem a US$150, a zona do euro ficaria "à beira da recessão".

Bolsa de SP recua 1,69% e dólar atinge R$1,664

A elevação do preço do petróleo e as declarações de Bernanke trouxeram de volta o pessimismo aos mercados mundiais, incluindo a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com aumento da aversão ao risco. O Ibovespa, principal referência do mercado, caiu 1,69%, aos 66.242 pontos. Já o dólar fechou com ligeira alta, de 0,06%, a R$1,664, depois de um leilão para compra da moeda americana no mercado à vista e outro no mercado a termo.

Ações de blue chips como Petrobras e Vale pressionaram negativamente o índice. Petrobras PN (preferencial, sem direito a voto) recuou 1,01%, a R$28,29, enquanto a ação ordinária (ON, com voto) perdeu 1,38%, para R$32,15. Vale ON teve queda de 1,88%, para R$55,24 e a PNA, de 1,51%, para R$48,85.

Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 1,38%, enquanto a Nasdaq teve queda de 1,61%.

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o movimento dos contratos de juros futuros de curto prazo estima uma alta de meio ponto percentual da Taxa Selic, para 11,75% ao ano. (Lucianne Carneiro, com Bloomberg News e agências internacionais)