Título: Crédito sobe, mas BC reduz projeção
Autor: Graner, Fabio ; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2011, Economia, p. B6

Estoque deve crescer 13% este ano, e não 15%, como previsto anteriormente; crescimento acumulado em 12 meses, porém, é de 21%

O Banco Central reduziu de 15% para 13% sua projeção de crescimento do estoque de crédito no País, que deve fechar em 48% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas os números divulgados ontem pelo BC mostram que a desaceleração nos financiamentos não será uma tarefa fácil.

Em fevereiro, o estoque de crédito bancário no Brasil cresceu 1,3%, acelerando o ritmo mensal de expansão em relação a janeiro, quando subiu apenas 0,6%. Em 12 meses, o estoque de crédito acumula alta de 21%, significativamente acima do teto de 15% que o presidente do BC, Alexandre Tombini, estabeleceu para este ano.

As concessões de novos empréstimos com recursos livres (aquele que os bancos podem aplicar onde bem entenderem) praticamente devolveram a queda de janeiro, crescendo 8,4% no mês passado, reforçando o quadro de que o crédito ainda tem dinamismo significativo. E, em março, até o último dia 17, esse movimento continua, com as concessões subindo 4,5% na média diária. O estoque total, contudo, mostra crescimento mais lento em março, de 0,6%.

Impacto. Segundo o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, a nova projeção de expansão do crédito para este ano incorpora o impacto de todas as ações adotadas pelo governo - desde a implementação de medidas de aperto no crédito e redução da oferta de dinheiro, alta da taxa básica de juros até a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre captações externas anunciada na segunda-feira à noite.

O técnico afirmou que os dados correntes mostram acomodação do crescimento do crédito no País, como reflexo das iniciativas já adotadas pelo governo. "As medidas macroprudenciais tiveram êxito para conter as modalidades de crédito que estavam com crescimento mais acelerado", avaliou, citando crédito consignado e financiamento de veículos.

Na avaliação dele, as ações de restrição ao crédito estão contribuindo para a acomodação do crescimento da economia e para a queda da inflação. Maciel destacou que a alta de concessões de crédito em fevereiro é sazonal, ou seja, uma tendência natural do período. Além disso, ele destacou que a base de comparação com janeiro é deprimida. A forma mais adequada, segundo ele, de analisar os dados de ontem é observando o comportamental trimestral dos indicadores. "Estamos vendo uma acomodação do ritmo do crédito", avaliou.

O economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos, avalia que os números mostram que o crédito continua mostrando dinamismo, apesar das piores condições em termos de custo (os juros subiram em fevereiro e continuam em alta em março) e prazo (que se reduziram no mês passado). Segundo Santos, dadas as declarações do governo sobre o impacto das medidas adotadas até agora, era de se esperar uma trajetória bem mais lenta do crédito, o que, na visão do economista, não parece estar ocorrendo de fato.

Medidas Segundo o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, a nova projeção de expansão do crédito neste ano incorpora o impacto de todas as ações adotadas pelo governo.