Título: Paquistão corre risco de perder US$ 1,5 bi em ajuda americana
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2011, Internacional, p. A14

O Paquistão corre o risco de perder o US$ 1,5 bilhão por ano que recebe pelo envolvimento na luta contra o terror. Ontem, o ex-chefe dos serviços de contraterrorismo dos Estados Unidos, Richard Clarke, disse que a demora na caçada a Osama bin Laden, "deve entrar na conta dos vazamentos paquistaneses", clara referência à forte presença de simpatizantes da Al-Qaeda e do Taleban nas Forças Armadas de Islamabad. O problema é antigo.

Quando o ex-presidente George W. Bush iniciou o processo de aproximação com o país - e deu apoio à tomada do poder pelo general Pervez Musharraf - o objetivo americano era ter uma base para disparar as operações militares no vizinho Afeganistão.

O Serviço de Inteligência Interna do Paquistão foi modernizado, mas, de acordo com a apresentação do general comandante da coalizão no Afeganistão, David Petraeus, "tinha furos demais e muita burocracia".

A solução foi criar uma unidade independente, o Centro Antiterrorista do Paquistão, controlado por oficiais e agentes americanos e britânicos, com selecionada participação de funcionários locais. De acordo com o Secretário de Defesa, Robert Gates, "trata-se de um "mix" da CIA com a SNA, Agência Nacional de Segurança, na sigla em inglês]". A organização infiltrou agentes de campo e emprega tecnologia avançada. O time de 1.200 pessoas mantém a linha aberta com a sede da SNA, em Washington. Diante dos congressistas americanos, em abril, Gates disse que o trabalho é intenso: "Ouvimos, vemos, decodificamos, traduzimos, contextualizamos e analisamos".

O resultado desse investimento em inteligência surgiu há pouco mais de dois anos, quando líderes do Taleban foram localizados - nas cidades, não nas montanhas - com base no rastreamento e interceptação de emissários citados em mensagens transmitidas pelo velho sistema de telefonia pública, uma rede analógica com cerca de 50 anos, tão antiga que não era identificada pelos sensores de detecção.

Mais ainda: além do pessoal infiltrado para coletar informações, as ações táticas, como, de resto foi a Operação Geronimo, passaram a dispor de recursos de alta tecnologia. Aviões não tripulados de grande porte e de última geração, por exemplo. Cada um não sai por menos de US$ 39 millhões. E pode ler, de grande altitude, o texto de uma página de 30 centímetros.