Título: Eleição de Keiko pode beneficiar o pai
Autor: Gabeira, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2011, Internacional, p. A16

A legislação do Peru concede ao presidente do país o direito de indultar presos. Depois de afirmar que não considerava Alberto Fujimori culpado por nenhum crime, a candidata Keiko Fujimori passou a jurar que não indultará o pai caso seja eleita.

De acordo com analistas ouvidos pelo Estado, a eleição de Keiko seria a única possibilidade de um indulto ao ex-presidente, já que o atual mandatário, Alan García, pretende se eleger novamente em 2016 e Fujimori é considerado um forte oponente em uma disputa futura.

Na tentativa de libertar o ex-presidente, sua defesa tem dois recursos em andamento na Justiça. Um deles tenta desqualificar os juízes que o condenaram a 25 anos de prisão por dois massacres e vários sequestros. Outro busca anular o julgamento que o condenou a 6 anos de prisão por compra ilegal de meios de comunicação, suborno a parlamentares e espionagem.

O historiador Enrique Amayo disse que os integrantes da Comissão da Verdade peruana ainda têm atuação marcante na sociedade e, na reta final da disputa presidencial, organizaram a campanha "Fujimori Nunca Mais", de oposição à candidatura de Keiko.

No que diz respeito aos direitos humanos, as principais acusações contra Fujimori se referem aos massacres de Barrios Altos, de 1991 - quando 15 pessoas foram mortas por um esquadrão ligado às forças militares e de inteligência do Estado -, e de La Cantuta, de 1992, que deixou como vítimas um professor e nove estudantes universitários em Lima.

Renúncia. Fujimori renunciou à presidência em 2000, em meio a um escândalo de suborno que envolvia diretamente seu principal assessor de inteligência, Vladimiro Montesinos - considerado um dos responsáveis pela formação do esquadrão paramilitar, que era chamado de "Grupo Colina"e atuou nas duas grandes chacinas e em sequestros de cidadãos suspeitos de pertencer a organizações guerrilheiras.