Título: Fazenda diz que País cresce 4,5% neste ano
Autor: Veríssimo, Renata ; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2011, Economia, p. B6

Estimativa otimista vai na contramão da expectativa do próprio BC e do mercado

Mesmo com a sinalização do Banco Central (BC) de que serão necessários novos aumentos da taxa Selic para trazer a inflação para a meta, o que deve frear o crescimento econômico, o Ministério da Fazenda insiste na previsão de alta de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2011. A estimativa está acima da projeção de 4% do BC e do mercado.

Ontem, ao divulgar o relatório bimestral Economia Brasileira em Perspectiva, referente a março e abril, o Ministério da Fazenda dá sinais de que deve sustentar a estimativa em um nível mais alto até ter indicações mais claras do tamanho da desaceleração econômica causada pelas medidas de política fiscal e monetária nos últimos meses.

Segundo o documento, a economia já cresceu em um ritmo menor no segundo trimestre e deve manter o ritmo nos próximos três meses. "As projeções do Ministério da Fazenda indicam que a expansão do PIB será menos pronunciada no segundo e terceiro trimestres de 2011", afirma o documento.

"Para o período remanescente de 2011, a expectativa é de desaceleração da atividade econômica, devido especialmente à maturação dos efeitos das medidas de política econômica", completa. O ministério afirma que o crescimento da economia em 4,5% "ainda é robusto", representando expansão sustentável da atividade econômica, com geração de empregos e da renda.

A Fazenda também mantém em 5% a previsão de crescimento da economia para 2012 e de 5,5% para os dois anos seguintes. Desempenho. Avalia que a expansão do PIB de 1,3% no primeiro trimestre de 2011, na comparação com o trimestre anterior, é resultado do desempenho da demanda doméstica, sobretudo dos investimentos, como também pelo desempenho da indústria, da construção civil e da agropecuária.

O Ministério da Fazenda destaca que a redução da pressão inflacionária, verificada em maio, é resultado das medidas de política econômica, como a alta da taxa básica de juros e as restrições impostas sobre o crédito.

O documento avalia que os dados de crédito mostram um realinhamento para uma trajetória mais sustentável de crescimento, mas que não significa "uma parada brusca no mercado de crédito", apenas que as operações continuarão crescendo a taxas menos elevadas. A Fazenda ressalta que as projeções do Banco Central indicam que a taxa atual de crescimento das operações - próxima a 20% - irá gradualmente desacelerar, para atingir 15% no final do ano.

O endividamento das famílias caiu de 39,6% da sua renda de trabalho, em dezembro de 2010, para 36,6%, em março de 2011. Por outro lado, o comprometimento da renda com o pagamento mensal de prestações dos empréstimos subiu de 21,5% para 26,3% no mesmo período. De acordo com o boletim, o endividamento das famílias nos Estados Unidos é 180% e de 80% nos outros países do G-7.

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