Título: Pacote pode trazer prejuízo a exportador
Autor: Graner, Fabio ; Dantas, Iuri
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2011, Economia, p. B1-5

Empresas pagarão mais ao se protegerem do câmbio, mas altas do dólar compensa perdas

Os exportadores também poderão ser punidos com as novas medidas adotadas pelo governo para tentar brecar a especulação com o dólar. Se as empresas que vem produtos lá fora aumentarem suas ações de proteção contra avariação cambial, na expectativa de aumento de receitas, elas acabarão tendo de pagar o mesmo imposto que será sobrado dos especuladores.

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu que os exportadores podem ter "alguma perda" em suas operações de proteção(hedge) no mercado futuro de câmbio. "Representa um custo pequeno para o exportado. Não achamos que ir´prejudicar, mas vamos monitorar".

Barbosa reiterou, entretanto, que "numa visão mais ampla", o segmento será beneficiado, já que as medidas lançadas ontem buscam conter a valorização do real - que prejudica a rentabilidade das exportações.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que só as posições especulativas de exportadores serão punidas e as iniciativas não vão atrapalhar as operações genuínas de proteção. " O problema é quando os exportadores fazem o hedge para especulação; esse será penalizado." Para o ministro, o pacote de medidas reduzirá as apostas na valorização do real, as chamadas posições vendidas no mercado futuro.

Além disso, devem influir no câmbio. "Quando e quanto vai ser, eu não sei dizer. Esperamos que haja desvalorização do real ou não valorização."

Desconfortável. Mantega admitiu que os níveis atuais de cotação do câmbio são "desconfortáveis" para a economia brasileira e, sem todas as ações adotadas até agora pelo governo, a taxa de câmbio estaria "sabe-se lá onde", prejudicando tanto os exportadores quanto a economia como um todo.

O ministro lembrou ainda que os exportadores amargaram grandes prejuízos em 2008, quando a crise financeira internacional atingiu seu ápice, com a quebra do banco Lehman Brothers.

Na ocasião, a Aracruz e a Sadia apostavam que o real iria continuar se valorizando, mas a falência do banco americano aumentou a aversão ao risco dos investidores, derrubando a moeda brasileira. "Estamos tomando essas medidas justamente porque os exportadores não estão fazendo um megassucesso, estão tendo dificuldades", disse Dyogo Henrique de Oliveira, secretário executivo adjunto.

O derretimento afeta a indústria por tornar mais caros os produtos manufaturado e, ao mesmo tempo, estimular a exportação de similares estrangeiros. O fortalecimento do real tem preocupado a presidente Dilma Rousseff, que promete para a próxima semana,medidas para aumentar a competitividade da indústria local.

Em entrevista na semana passada, Dilma disse que observava atentamente o cenário externo. "Quando percebermos qualquer ameaça, tomaremos medidas maus duras, completou.

Colaboraram: a Adriana Fernandes e Renata Veríssimo