Título: Argentina reabre debate sobre invasão de produtos brasileiros
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2011, Economia, p. B4

Empresários do país vizinho afirmam que vão observar impacto de medidas nos ""setores sensíveis"" da indústria

CORRESPONDENTE / BUENOS AIRES

Os empresários argentinos estão preocupados sobre os eventuais efeitos que o Plano Brasil Maior possam causar no país. O anúncio em Brasília provocou em Buenos Aires temores de que a competitividade brasileira - velho pesadelo dos argentinos - aumente, e, consequentemente, intensifiquem os riscos de uma suposta "invasão" de produtos brasileiros no mercado local.

Fontes da União Industrial Argentina (UIA) afirmam que é preciso verificar qual será o impacto das medidas brasileiras nos denominados "setores sensíveis" da indústria argentina, entre eles, calçados, têxteis, móveis e autopeças.

No entanto, o economista e ex-secretário de Indústria, Dante Sica, relativiza os temores argentinos: "Se o plano do governo Dilma tiver sucesso e isso levar a uma maior reativação econômica no Brasil, implicará na melhora de nossas exportações ao mercado brasileiro".

O ex-secretário de Comércio Exterior, Raúl Ochoa, disse ao Estado que, "caso o Plano Brasil Maior funcione, seus efeitos não serão imediatos. Eles poderiam começar a ser sentidos no ano que vem na Argentina. Especialmente no que concerne aos bens de capital".

Oficialmente, a presidente Dilma Rousseff nada comentou sobre esses assuntos comerciais com Cristina Kirchner, quando a presidente argentina esta esteve em Brasília, na sexta-feira passada, para uma visita oficial de pouco menos de 24 horas.

Superávit. Os temores argentinos são acompanhados pelo crescimento persistente do superávit que o Brasil tem com seu parceiro do Mercosul na balança comercial. Segundo um relatório da consultoria Abeceb, em julho, o Brasil teve US$ 516 milhões de superávit na relação comercial com a Argentina. O volume implica em um aumento de 37% em comparação com o mesmo mês de 2010.

As exportações brasileiras para a Argentina em julho - as maiores da história da relação bilateral - foram de US$ 2,041 bilhões. Esse volume equivale a um aumento de 25,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. Na contramão, as vendas argentinas para o Brasil aumentaram 21,9%, chegando a US$ 1,525 bilhão no período.

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