Título: Gasolina custa menos que água
Autor: Magnabosco, André ; Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2011, Economia, p. B6

Presidente da Petrobrás diz que, no Brasil, litro do combustível na refinaria é inferior ao de uma garrafa de água

Leandro Modé - O Estado de S.Paulo

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, explicou ontem, em entrevista à rádio Estadão ESPN, por que os preços dos combustíveis no Brasil seguem a evolução do petróleo no exterior, apesar de o País ser autossuficiente na produção. Na Venezuela, por exemplo, o governo cobra da população um preço interno.

"A Venezuela exporta 90% de sua produção. Só usa no mercado doméstico 10%. Nós somos o contrário", afirmou. "E nossa gasolina, a R$ 1,05 na refinaria, custa menos do que um litro de água engarrafada."

Gabrielli lembrou que o último reajuste dos combustíveis promovido pela Petrobrás ocorreu em maio de 2009, portanto, mais de dois anos atrás.

"De lá até hoje, não alteramos o preço na refinaria. O consumidor sente os preços variando porque distribuidores mudam, postos de gasolina ganham mais ou menos, o imposto estadual (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços - ICMS) muda, o preço do álcool se alterou", observou.

Indagado se há alguma previsão de reajuste da gasolina, o presidente da estatal desconversou.

"Depende do comportamento de uma série de coisas. Temos uma relação de longo prazo entre o preço internacional e o doméstico", disse.

Segundo Gabrielli, entre os fatores considerados na composição dos preços estão a taxa de câmbio, o valor da gasolina no mercado externo e a cotação internacional do petróleo.

A entrevista à rádio foi concedida momentos antes do início do seminário Os Novos Desafios do Pré-Sal, promovido pelo Grupo Estado em parceria com o Instituto Fernand Braudel.