Título: Editores registram aumento na venda de livros
Autor: Gonçalves, Glauber
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2011, Negócios, p. B14

Apostando em livros mais baratos, empresas vendem 13% mais exemplares, mas receita sobe apenas 2,63%

As vendas de livros no Brasil geraram um faturamento de R$ 4,5 bilhões para as editoras em 2010. O montante supera o resultado de 2009 em apenas 2,63%. No entanto, o número de exemplares comercializados subiu 13,12%, atingindo 437,9 milhões, apontou pesquisa feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Ayrton Vignola/AE-21/12/2010Estratégia. Preço baixo é forma de conquistar a classe C O descompasso entre o faturamento e as vendas é explicado pela redução do preço médio dos livros. A queda real acumulada é de 34% desde 2004.

Na avaliação da presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Sônia Jardim, a redução está ligada ao ganho de escala das editoras e à necessidade de oferecer títulos com valores adequados à renda da nova classe média. "O ingresso do consumidor da classe C demanda preços mais baixos, então as empresas têm lançado livros de bolso, há competição de descontos na internet e cresce a venda porta a porta", afirma Sônia.

Apesar desses fatores resultarem em margens mais apertadas, Sônia vê positivamente os resultados, ressaltando as perspectivas de avanço das vendas.

O segmento que mais cresceu em vendas foi o de livros religiosos, excetuando-se as compras do governo. A explicação mais provável, segundo a professora Leda Paulani, da Fipe, também é o avanço da classe C. Em segundo lugar, vieram os livros didáticos, influenciados pela mudança ortográfica. Com as novas regras, os pais deixam de reaproveitar os livros usados pelos filhos mais velhos.

Censo. Junto com a pesquisa anual sobre o setor editorial, que é feita de acordo com uma amostra de editoras selecionadas, a Fipe conduziu o Censo do Livro, com base em dados de 2009.

O levantamento, considerado uma radiografia apurada do setor, apontou que o mercado de obras gerais, que inclui livros de literatura, é maior do que se imaginava, respondendo a 31,35% do faturamento, 7,15 pontos porcentuais a mais do que o estimado anteriormente. O grosso das receitas vem dos livros didáticos, profissionais e voltados ao ensino superior: 59%. Os religiosos respondem por quase 10%.

O canal de distribuição que mais cresceu no período foi o porta a porta, puxado pelas vendas via catálogos. Antes focada nas visitas a residências, essa modalidade tem apostado agora em universidades, empresas e órgãos públicos.

Embora a pesquisa tenha sido feita com base nas vendas de editoras, também reflete as vendas das livrarias, segundo Sônia. "Esse mercado é calcado cada vez mais na consignação. Quando a editora informa uma venda, quer dizer que lá na ponta o produto já foi adquirido pelo consumidor", diz. A pesquisa foi feita em conjunto com a Câmara Brasileira do Livro (CBL).