Título: Desaceleração global atenua risco inflacionário, diz Holland
Autor: Nakagawa, Fernando ; Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/08/2011, Economia, p. B1

Para o secretário de Política Econômica, País deve conseguir trazer o IPCA para a meta de 4,5% em maio de 2012

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, garantiu que o governo está "absolutamente tranquilo" com o comportamento da inflação até o fim de 2012.

"Com o nível atual de desaceleração da economia mundial, os preços das commodities não devem subir no curto prazo", comentou, afastando a possibilidade de um novo choque de etanol como o que ocorreu neste ano.

"A partir de maio do ano que vem ficará bem claro que o IPCA estará convergindo à meta de 4,5% ao ano", garantiu Holland.

O secretário fez a afirmação ontem, em Campos do Jordão, durante o Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, promovido pela BM&FBovespa. Ao analisar a conjuntura global, Holland afirmou que a crise internacional iniciada em 2008 é tão séria que deve demorar cerca de cinco anos para que os países centrais voltem a mostrar um ritmo de expansão mais favorável.

"Não é normal pensar que os Estados Unidos ficarão tanto tempo frágeis", comentou. "Se isso acontecer, pode provocar um desequilíbrio no mercado monetário do mundo, pois os Estados Unidos têm a moeda mais forte do planeta."

Márcio Holland destacou que o Brasil mostrou vigor macroeconômico nos últimos anos e ganhou novo conceito perante investidores internacionais. Outro ponto favorável ao Pais foi o substancial aumento da classe média nos últimos. Segundo o secretário, a transformação não significou apenas um grande avanço do mercado doméstico de consumo, mas também o aumento da demanda decorrente da melhora do poder de compra das famílias, que estimulou os investimentos no País. "É por isso que ocorre uma expansão vigorosa em infraestrutura, com investimentos muito fortes de energia e petróleo", destacou. Até 2015, a Petrobrás deve investir US$ 224 bilhões, lembrou.

"A expansão da classe média está sustentada em 100 milhões de pessoas, 52% da população, e essa parcela importante da sociedade não quer só emprego. Quer carteira assinada e serviços mais eficientes, como educação de qualidade", comentou o secretário. Segundo ele, o avanço da classe média e do mercado consumidor garante segurança ao governo e aos agentes econômicos de que a expansão de crédito no País é sustentável.

Para Holland, o investimento deve continuar, chegando a 23,2% do PIB em 2015. "São muitos empreendimentos governamentais, como o Plano de Aceleração do Crescimento e o Minha Casa Minha Vida. O Brasil será um grande canteiro de obras nos próximos anos", afirmou.

Outro fator positivo da economia brasileira, segundo Holland, é o volume de reservas cambiais ao redor de US$ 350 bilhões. Segundo ele, o valor afastada qualquer chance de crise do balanço de pagamentos.

Fraga. O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou que a economia internacional corre o risco de enfrentar nova recessão mundial. "Dados recentes mostram quadro delicado na União Europeia e EUA", comentou, em vídeo gravado nos EUA e exibido durante a abertura do evento em Campos do Jordão. "Na União Europeia, o setor financeiro se aperta com dificuldade de captação.".

Para Armínio Fraga, o Brasil está em uma encruzilhada, pois passou bem pela crise internacional de 2007 e agora precisa adotar medidas para dar continuidade à expansão da economia com equilíbrio inflacionário.