Título: Moody's rebaixa nota de risco da Itália
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/10/2011, Economia, p. B1

Mercados reagirão hoje à notícia divulgada após fechamento das bolsas; socorro de governos a banco europeu deu alívio a investidores ontem

Os principais ativos financeiros do mundo oscilaram ontem como uma montanha-russa. A comparação óbvia é sempre tentadora em períodos de tensão como o atual. Mas, nessa terça-feira, foi especialmente precisa para descrever o que houve no mercado. Hoje, os investidores vão reagir a uma notícia que só foi divulgada após o fechamento das bolsas: o rebaixamento da nota de risco de crédito da Itália.

A agência de classificação Moody"s diminuiu o chamado rating de Aa2 para A2. Na prática, foi um corte em três degraus de uma só vez, que dá ideia da gravidade da situação aos olhos dos analistas da empresa. A Moody"s disse ainda que a perspectiva para a nota continua a ser negativa. Em 19 de setembro, sua concorrente Standard & Poor"s também cortara o rating italiano.

Ontem, o desempenho das bolsas sintetizou um dia de intenso vaivém. Na Europa, quedas próximas de 3%. Nos EUA, altas acima de 1%. No Brasil, o Ibovespa caiu 0,21% e o dólar ficou estável (R$ 1,889). Novamente, atormentou os investidores o risco de que um calote de um país europeu leve à quebra de bancos, com consequências imprevisíveis para a economia global.

Logo no início do dia (horário ocidental), o mercado foi surpreendido com a informação de que o banco franco-belga Dexia poderia ser obrigado a fazer uma cisão, com objetivo de expurgar perdas bilionárias por causa da exposição a papéis de países cujo risco de calote é alto.

As ações do Dexia chegaram a cair mais de 20%. No meio da manhã (hora do Brasil), autoridades anunciaram um plano para socorrê-lo. O governo da Bélgica vai criar um "banco podre" para abrigar os ativos problemáticos do Dexia. Esse "banco" pode ter até 180 bilhões.As bolsas europeias, que registravam quedas próximas de 4%, reduziram as perdas. No fechamento, Londres caiu 2,58% e Paris, 2,61%.

No fim do dia, também no horário brasileiro, reportagem do Financial Times reforçou a ideia de que os países europeus agirão para evitar uma crise do sistema financeiro. Segundo o diário, os ministros de Finanças da União Europeia estão tentando coordenar a recapitalização das instituições financeiras.

O FT também afirmou que os ministros concluíram que não fizeram o suficiente para convencer os mercados de que os bancos europeus podem sobreviver à atual crise e decidiram que medidas adicionais são necessárias.

Com isso, as bolsas que ainda estavam abertas reagiram bem. Nos EUA, o Índice Dow Jones engatou um movimento de alta que culminou em valorização de 1,44% no fim do dia. A bolsa eletrônica Nasdaq avançou 2,95%. O Índice Bovespa, que caía quase 2,7% pouco antes do fim do pregão, também se recuperou.

Só após o fechamento das bolsas foi divulgado o rebaixamento da Itália. O cenário está armado para mais um dia de altas e baixas no estilo montanha-russa. Entre outras razões, porque os bancos do país deverão ter mais dificuldades para se financiar. /AGÊNCIAS INTERNACIONAIS