Título: Itália aceita ser monitorada pelo FMI
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2011, Economia, p. B6

Sob pressão, governo italiano permitiu que suas contas sejam supervisionadas, mas rejeitou ajuda financeira e provocou queda nas Bolsas

Depois da Grécia, a Itália. Assustados com os desdobramentos políticos e econômicos da crise das dívidas soberanas em Atenas, os líderes políticos do G-20 anunciaram ontem que as finanças de Roma passarão a ser supervisionadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia. O objetivo da análise trimestral é assegurar que o orçamento italiano caminhe para a redução do déficite da dívida públicas,de forma a evitar o contágio da crise. A decisão de monitorar as contas foi tomada pelo Fundo depois que o premiê Silvio Berlusconi rejeitou a injeção de recursos do FMI no país. Ao longo de 2010 e 2011, o governo de Silvio Berlusconi se comprometeu a reduzir a dívida do país, que alcança € 1,6 trilhão – ou 120% do Produto Interno Bruto –, implantando programas de austeridade, reformando o sistema de previdência e o mercado de trabalho e promovendo privatizações. Nada disso impediu que o ágio cobrado pelos investidores por títulos da dívida soberana da Itália subissem ao longo dos últimos cinco meses. Às 15h49 min de ontem, a diferença cobrada entre as obrigações alemãs – referências da Europa – e italianas chegou a 463 pontos. Com isso, o ágio superou os 6%, um recorde negativo, um estágio pelo qual passaram Grécia, Irlanda e Portugal entre 2009 e 2010. Nem mesmo a política de compra de títulos da dívida da Itália pelo Banco Central Europeu (BCE) reduziu a pressão nos mercados. Pressionado pelos parceiros europeus e pelos EUA, Berlusconi teria "solicitado" ao FMI a supervisão das contas do país, segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. À tarde, porém, "il cavaliere" deixou claro que a medida fora tomada contra a sua vontade. À imprensa, Berlusconi disse não aceitar a culpa pela estagnação, e preferiu culpar a moeda única pelos problemas de seu país. "Os italianos empobreceram desde a introdução do euro." Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI e daqui para frente "supervisora" das contas italianas, tem outro diagnóstico sobre as medidas adotadas pela Itália para conter o déficit e a dívida. "O problema em jogo e que foi claramente identificado tanto pelas autoridades italianas, quando por seus parceiros, é uma falta de credibilidade das medidas anunciadas", afirmou. Sarkozy reforçou o alerta. "Ele próprio", disse, referindo-se a Berlusconi, "sabe por experiência própria que a questão não é tanto o conteúdo do pacote (de austeridade), mas sua implementação". Mercado cai. As bolsas da Europa encerraram o dia em queda, com os bancos italianos liderando o movimento. O índice FTS Eurofirst 300 caiu 1,02 %. Os bancos italianos Intesa San Paolo e UniCredit perderam, respectivamente, 4,8% e 6,55%. /COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os intocáveis. Como previsto na pauta do G-20, saiu a lista das instituições financeiras "grandes demais para falir". Esses bancos terão de obedecer normas prudenciais mais rigorosas, de forma a reduzir o grau de exposição a operações de alto risco. A lista será revisada todo ano, em novembro. ? EUA Bank of America, Bank of New York Mellon, Citigroup, Goldman Sachs, JP Morgan, Morgan Stanley, State Street e Wells Fargo

? Reino Unido Royal Bank of Scotland, Lloyds Banking Group, Barclays e HSBC

? França Crédit Agricole, BNP Paribas, Banque Populaire e Société Générale. ? Alemanha Deutsche Bank e Commerzbank

? Itália UniCredit Group

? Suíça UBS e Credit Suisse

? Bélgica Dexia

? Holanda ING Groep

? Espanha Banco Santander

? Suécia Nordea

? Japão Mitsubishi, Mizuho e Sumitomo Mitsui

? China Bank of China