Título: Canadá deverá voltar a compromisso em 2020
Autor: Trevisan, Cláudia
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2011, Vida, p. A18

Especialistas veem revés com saída canadense do Tratado de Kyoto, mas duvidam de ausência do país em acordo futuro

Pesquisadores afirmam que a retirada oficial do Canadá do Protocolo de Kyoto é um retrocesso, mas não representa tendência que deve gerar efeito cascata. "É um caso isolado, um susto passageiro", afirma Beto Veríssimo, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Para ele, o país terá de voltar a um acordo em 2020.

"O cenário que se desenha para os anos futuros é uma taxação de carbono. Se o Canadá se posicionar como um país altamente emissor, vai comprometer sua economia. Eles não são bobos. São grandes emissores; é pouco provável que fiquem de fora de um novo acordo em 2020."

Peter Kent, ministro do Meio Ambiente do Canadá, disse anteontem que "Kyoto não funciona" e, "se permanecer neste tratado, o país corre o risco de pagar multas de vários bilhões de dólares por estar fora das metas".

Para Osvaldo Stella, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a saída do Canadá - que foi acompanhada pela Rússia e pelo Japão, cujos governos ainda não vieram a público - reduz a amplitude documento. "Antes, os países do anexo 1 representavam 30% das emissões globais. Com a saída de Canadá, Japão e Rússia, esse porcentual caiu para 15%."

A Convenção do Clima da ONU afirmou ontem, em nota, que "fazendo ou não parte do Protocolo de Kyoto, o Canadá tem, sob o tratado, a obrigação legal de reduzir emissões e a moral de conduzir esforços nesse sentido"./ KARINA NINNI