Título: Doença ameaça campanha chavista
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2012, Internacional, p. A16

A nova cirurgia para a retirada de um possível tumor maligno levou os venezuelanos a se perguntar se Hugo Chávez terá condições de suportar uma campanha que exigirá muita energia. Especula-se sobre a possibilidade de ele ser obrigado a renunciar ao cargo, criando um vazio de poder em um país em que o reinado com base na personalidade do presidente leva à ausência de um sucessor lógico.

O anúncio ocorre num momento difícil para o líder de 57 anos, que inicia a batalha mais difícil das três que travou para a reeleição. Seu adversário é um governador que tem amplo apoio popular. Henrique Capriles, de 39 anos, e é a imagem da juventude e do vigor, contrastando cada vez mais com o retrato do presidente vítima de uma grave doença. A doença revela a debilidade inerente a um governo no qual o poder de Chávez é irrestrito, disse o analista político Demetrio Boersner, em Caracas. "Ele concentra todos os poderes em suas mãos, portanto, se ele ficar de fora, todo o sistema começará a se enfraquecer", disse Boersner.

Michael Pishvaian, oncologista do Comprehensive Cancer Center Lombardi da Universidade Georgetown, disse que os desdobramentos são "inquietantes". Segundo Pishvaian, caso se confirme o novo tumor maligno, Chávez poderá se submeter a uma série de 10 a 40 sessões de radioterapia ao longo de 6 semanas. Tais sessões causarão eventualmente complicações como náusea, diarreia e fadiga. É possível que Chávez consiga realizar algumas das suas obrigações de presidente, mas uma campanha eleitoral seria um enorme desafio. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA