Título: Investidores preveem queda de 0,75 ponto no juro
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2012, Economia, p. B4

Os participantes do mercado de juros futuros encerram a semana com apostas mais fortes para um corte agressivo da Selic, de 0,75 ponto porcentual, na reunião do Copom nos dias 6 e 7, sobre os 10,5% atuais. Esse movimento tem por base as declarações de autoridades e também demonstrações, como são interpretadas as mudanças no IOF. Alguns economistas também revisaram projeções e elevaram a previsão para o corte do juro.

A percepção dos investidores de um corte de mais intenso da Selic foi ganhando força a cada dia nesta semana, começando a ser delineada pelas declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na terça-feira, sobre juro neutro e crescimento da economia abaixo do PIB potencial, e deslanchando com a ampliação para três anos da alíquota do IOF de 6% sobre os empréstimos externos.

Mantega. Somaram-se a isso as afirmações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e da presidente Dilma Rousseff sobre o excesso de dinheiro circulando na economia mundial - especialmente depois dos empréstimos de 529 bilhões concedidos pelo Banco Central Europeu (BCE) a 800 instituições financeiras. Ao longo da semana, também contribuiu para o recuo das taxas futuras de juros o debate em torno da mudança na remuneração da caderneta de poupança e o anúncio do superávit recorde das contas públicas obtido em janeiro.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (393.160 contratos) estava em 9,03%, ante 9,15% no ajuste, enquanto o DI janeiro de 2014 (374.735 contratos) marcava 9,59%, de 9,68% na véspera.

A aceleração da queda dos DIs continua a ser conduzida pela percepção que as autoridades brasileiras permanecem determinadas a resistir a uma maior valorização do real.

Segundo um analista, essa ideia é reforçada pela circular divulgada pelo Banco Central, mudando o funcionamento de uma das operações de financiamento às exportações, o Pagamento Antecipado (PA). O objetivo da alteração é impedir o excesso no fluxo de capitais estrangeiros ao Brasil.

Previsões. A Nomura Securities revisou sua expectativa para a política monetária, e espera agora dois cortes de 0,75 ponto porcentual nas reuniões de março e abril e um último corte de 0,5 ponto em maio.

Anteriormente, a instituição previa reduções de 0,5 ponto em cada um dos próximos encontros do Comitê até julho. Já a Icap Brasil, que previa recuo de 0,5 ponto, revisou a previsão para queda de 1 ponto porcentual.