Título: Petrobrás perde área na Argentina
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2012, Economia, p. B10

Província de Neuquén anuncia que permissão à estatal brasileira caducou por falta de investimentos e de produção

A província argentina de Neuquén anunciou ontem que caducou a permissão concedida pelo governo provincial à Petrobrás Energia na área de Veta Escondida, na província de Neuquén. A Secretaria de Energia justificou a remoção da licença com o argumento de que Veta Escondida "permanece sem produção e sem reservas comprovadas, além de investimentos insuficientes".

As áreas que serão retiradas da Petrobrás passarão automaticamente para as mãos da empresa estatal provincial Gás y Petróleo del Neuquén S.A.

Segundo as autoridades locais, a área de concessão dessa província, localizada no noroeste da Patagônia, esteve sem produção durante 2011. O governo de Neuquén está analisando a remoção de outra concessão que a Petrobrás tem na província, em Rincón de Aranda. Nesse caso, as autoridades provinciais afirmaram que registraram "baixa ou média produção e poucos investimentos".

Além disso, grupos de parlamentares de esquerda do Partido Livres do Sul solicitaram ao governador Jorge Sapag que decrete a caducidade da concessão das jazidas da área de Puesto Hernández. A empresa operadora nessa área é a Petrobrás, embora a concessão seja uma associação entre a petrolífera brasileira e a espanhola Repsol-YPF.

Reunião. Em 7 de março, o ministro das Minas e Energia do Brasil, Edison Lobão, reuniu-se com o ministro do Planejamento Federal, Julio De Vido, o homem-forte da presidente Cristina Kirchner na área energética. Na ocasião, Lobão e seu par argentino conversaram sobre as pressões que o governo Kirchner estava realizando sobre as empresas petrolíferas para aumentar sua produção. Mas, Lobão sustentou que haveria um encontro entre a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Silva Foster, e De Vido, já que a presidente Cristina havia pedido "maior presença da Petrobrás na Argentina". No entanto, o encontro Foster-De Vido, que seria realizado em Brasília, nunca aconteceu.

A filial na Argentina da Petrobrás foi responsável em 2011 por 6% do total da produção petrolífera do país, segundo dados da Secretaria de Indústria. Isso equivale a 2,25 milhões de metros cúbicos de petróleo.

Aliados do governo Kirchner alegam que a Petrobrás possui concessões em 42 áreas na Argentina. Mas, sustentam que 19 estariam sem produção. No entanto, um cenário similar ocorre com outras empresas petrolíferas na Argentina.

A Petrobrás Energia não fez declarações em Buenos Aires sobre o fim da concessão em Neuquén. As autoridades provinciais também retiraram a licença para as concessões em Neuquén das empresas Argenta Argentina (na área de Covunco Norte) e da Tecpetrol.

O governo neuquino não comunicou a medida de forma oficial às empresas, que ficaram sabendo da mudança de rumo na política da província por intermédio dos meios de comunicação em Neuquén, que foram informados pelas autoridades.

Nas últimas semanas, a empresa espanhola Repsol-YPF também foi atingida pela remoção de licenças em Neuquén. A empresa - a maior do país - perdeu três áreas de concessão. A Repsol-YPF também foi afetada com a perda de concessões em outras cinco províncias argentinas (Santa Cruz, Chubut, Rio Negro, Mendoza e Salta). Além disso, as províncias de Terra do Fogo e Formosa pressionaram a empresa para que aumente seus investimentos em suas áreas. Caso contrário, removerão suas licenças.