Título: Saldo comercial cai e é o menor para abril desde 2002
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2012, Economia, p. B6

Superávit é de US$ 881 milhões; previsão é que a perda de ritmo continuará, com importações crescendo mais que as exportações

O comércio exterior brasileiro teve uma desaceleração forte em abril e, pela primeira vez este ano, registrou queda pela média diária nas exportações e nas importações em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado é um superávit da balança comercial minguado, de US$ 881 milhões, o menor para meses de abril desde 2002. A previsão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) é que a perda de ritmo da balança continuará nos próximos meses, com importações crescendo acima das exportações, mas com saldos positivos.

Em abril, as vendas externas somaram US$ 19,6 bilhões, com média diária de US$ 978,3 milhões e queda de 7,9% em relação a abril de 2011.

As importações totalizaram US$ 18,7 bilhões, valor recorde para meses de abril. Apesar disso, como houve um dia útil a mais que no ano passado, a média diária foi de US$ 934,3 milhões, 3,1% a menos que em abril de 2011.

No acumulado do primeiro quadrimestre, a balança comercial acumula superávit de US$ 3,32 bilhões, queda de 33,7% em relação ao mesmo período de 2011. As exportações totalizam US$ 74,65 bilhões e as importações US$ 71,33 bilhões. Ambos são valores recordes para o período. As vendas externas cresceram 4,5%, enquanto que as importações subiram 7,4%.

Ano difícil. O secretário executivo do MDIC, Alessandro Teixeira, destacou que 2012 será um dos anos mais difíceis para a indústria brasileira e para o comércio exterior em função do cenário internacional conturbado. Ele disse que a tendência para o resto do ano é de desaceleração tanto das exportações quanto das importações.

No entanto, destacou que o desempenho das exportações brasileiras dependerá da capacidade de absorção dos produtos do Brasil por outros países. Teixeira acredita que se a economia dos EUA continuar dando sinais de melhora poderá haver um aumento nas venda de commodities e de manufaturados brasileiros para aquele mercado.

Ele disse que a tendência é que as importações cresçam mais do que as exportações porque a dinâmica da economia interna tem sido mais forte que a dinâmica da economia mundial. "No front interno, estamos aquecidos. É natural que as importações continuem elevadas para dar cabo a demanda interna", afirmou. O secretário refutou a ideia de que o Brasil está sendo protecionista, fechando o mercado para as importações. "Estamos defendendo a indústria brasileira que tem tido dificuldades de competitividade", afirmou.

A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, argumentou que as exportações e as importações brasileiras estão em patamar elevado ainda que tenha havido uma retração em abril na comparação com o mesmo mês de 2011. Segundo ela, está havendo uma consolidação da média diária obtida em anos anteriores. A secretária destacou que a base de comparação é bastante elevada. "2011 foi um ano excepcional para o comércio exterior brasileiro", disse.